Na batalha incessante contra a malária, a Terra Indígena Yanomami, situada em Roraima, emerge como o primeiro território no Brasil a receber a Tafenoquina 150 mg, um medicamento de dose única recém-incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em junho do ano passado. Este fármaco, aclamado por especialistas da saúde como uma ferramenta vital na erradicação da doença, promete uma nova era no tratamento e prevenção da malária, doença que há décadas aflige comunidades em áreas endêmicas.
O Ministério da Saúde, em comunicado, revelou que a chegada da Tafenoquina à rede pública é um avanço considerável, oferecendo um tratamento mais eficiente e célere contra a malária. Este marco é resultado de um esforço conjunto que reúne pesquisa, vigilância em saúde, incorporação tecnológica e logística. Aproximadamente 8 mil esquemas de tratamento já foram despachados ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, atendendo à demanda local pelo próximo semestre.
A malária, doença infecciosa aguda provocada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida pela picada do Anopheles, ou mosquito-prego, persiste como um desafio de saúde pública na TI Yanomami. No último ano, o Dsei Yanomami registrou 30.972 casos de malária, dos quais 21.685 foram classificados como malária vivax, uma forma menos grave da doença e para a qual a Tafenoquina é especialmente indicada. A administração do medicamento é restrita a pacientes com mais de 16 anos diagnosticados com a infecção aguda.
Além do benefício imediato para a TI Yanomami, o Ministério da Saúde assegura que a Tafenoquina será disponibilizada em todo o território nacional, com estoques sendo reabastecidos conforme a demanda. Este avanço representa um divisor de águas para as equipes de saúde que atuam nas frentes de batalha contra a malária, sobretudo pela facilidade de administração do medicamento em dose única, solucionando um dos maiores desafios no tratamento da doença: a continuidade do esquema terapêutico.
A malária é emblemática das doenças de determinação social, que impactam desproporcionalmente as populações em condições de vulnerabilidade social. Além dela, enfermidades como a doença de Chagas, tuberculose, hepatites virais e hanseníase integram essa categoria. Em resposta a essa realidade, o governo federal estabeleceu, em março do ano passado, o Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente. Liderado pelo Ministério da Saúde, o comitê visa desenvolver políticas públicas ambiciosas para erradicar oito dessas doenças até 2030.
Com a implementação da Tafenoquina no SUS e o apoio contínuo a iniciativas como o comitê interministerial, o Brasil reforça seu compromisso não apenas com a eliminação da malária, mas com o combate a todas as doenças de determinação social. Alcançar as metas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde para tuberculose, HIV e hanseníase, bem como eliminar a transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatite B, estão agora um passo mais perto de se tornar realidade.
Este movimento rumo à erradicação da malária, simbolizado pela chegada da Tafenoquina à TI Yanomami, não é apenas um triunfo médico, mas um ato de justiça social, devolvendo a esperança e garantindo um futuro mais saudável para as gerações futuras das comunidades mais vulneráveis do Brasil.
Fonte: Agência Brasil