O cultivo de alimentos no espaço é o mais novo desafio que o Brasil pretende enfrentar. Segundo o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antônio Chamon, essa é a contribuição que o país busca levar para o Projeto Artemis, liderado pela NASA. O programa tem como objetivo estabelecer uma base permanente na superfície da Lua, que servirá como ponto de partida para missões tripuladas a Marte.
O Projeto Artemis, que reúne 39 países, visa criar uma base lunar sustentável. De acordo com Chamon, o Brasil, apesar de não ter uma longa tradição na exploração espacial, está empenhado em encontrar maneiras de contribuir significativamente para o projeto. “Quando você tiver uma base permanente na Lua, não vai poder levar todas as coisas de que você precisa a partir da Terra. Você tem que ter meios locais de produzir oxigênio, energia e comida”, explicou Chamon durante o webinar “Negócios Espaciais e o Papel do Brasil”.
A Agência Espacial Brasileira (AEB) está trabalhando em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para desenvolver tecnologias avançadas de cultivo de alimentos no espaço. O objetivo é utilizar a expertise do Brasil em agricultura para resolver problemas críticos de sustentabilidade em ambientes extraterrestres. “O Brasil está tentando contribuir em algo em que tem um protagonismo internacional muito grande, que é a agricultura”, destacou Chamon.
Contribuição para o Projeto Artemis
O Projeto Artemis, idealizado pela NASA, pretende não apenas estabelecer uma presença humana na Lua, mas também utilizar essa base lunar como plataforma para futuras missões tripuladas a Marte. Uma primeira missão sem tripulação foi lançada em 2022, e uma missão com tripulantes está prevista para 2025. A contribuição brasileira, focada no cultivo de alimentos no espaço, é vista como essencial para a sustentabilidade dessas missões de longo prazo.
Chamon ressaltou a importância de desenvolver métodos locais para produzir recursos vitais como oxigênio, energia e alimentos. A pesquisa brasileira visa adaptar tecnologias agrícolas terrestres para funcionarem em condições lunares e marcianas. Este esforço não apenas contribuirá para o sucesso do Projeto Artemis, mas também poderá trazer avanços significativos para a agricultura na Terra.
Tecnologia e Sustentabilidade
A colaboração entre AEB e Embrapa está centrada em inovações que permitam o cultivo de plantas em ambientes com gravidade reduzida e atmosfera controlada. A pesquisa inclui o desenvolvimento de sistemas de cultivo hidropônico e aeropônico, que são métodos eficientes de produção de alimentos em condições adversas. Essas tecnologias têm o potencial de revolucionar a forma como cultivamos alimentos tanto no espaço quanto em regiões da Terra com recursos limitados.
Além disso, as soluções desenvolvidas para o cultivo de alimentos no espaço podem ter aplicações práticas na Terra. Técnicas de agricultura sustentável e de alta eficiência, projetadas para uso em ambientes espaciais, podem ser adaptadas para melhorar as práticas agrícolas terrestres. Isso inclui o uso otimizado de água e nutrientes, sistemas de cultivo em ambientes controlados e a redução do impacto ambiental da agricultura.
Impacto na Terra
Chamon apontou que as tecnologias desenvolvidas para o espaço têm o potencial de transformar a agricultura terrestre, tornando-a mais sustentável e eficiente. A Embrapa, reconhecida mundialmente por suas inovações agrícolas, está na vanguarda desse esforço, aplicando seu conhecimento para enfrentar os desafios únicos do cultivo em ambientes extraterrestres.
A pesquisa sobre o cultivo de alimentos no espaço também pode ajudar a mitigar problemas de segurança alimentar na Terra, especialmente em regiões áridas ou com solos pobres. As técnicas de cultivo desenvolvidas para a Lua e Marte podem ser aplicadas em áreas onde os recursos são escassos, contribuindo para a produção de alimentos de forma mais resiliente e sustentável.
Futuro da Exploração Espacial
O envolvimento do Brasil no Projeto Artemis representa um marco significativo para o país, não apenas no campo da exploração espacial, mas também na aplicação de suas tecnologias agrícolas de ponta. Ao contribuir com soluções inovadoras para a sustentabilidade em ambientes extraterrestres, o Brasil está ajudando a pavimentar o caminho para futuras missões espaciais e, simultaneamente, promovendo avanços que beneficiarão a humanidade como um todo.
Fonte: Agência Brasil