Especialistas em saúde pública e imunização comemoram os recentes avanços na cobertura vacinal no Brasil, atribuindo os resultados positivos a iniciativas coordenadas pelo governo, sociedades médicas e engajamento dos pais e responsáveis. Segundo pesquisa conjunta do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), o país viu uma significativa redução no número de crianças não vacinadas, o que o retirou da lista dos 20 países com mais crianças não imunizadas.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatizou que o Movimento Nacional pela Vacinação, lançado em fevereiro de 2023, foi crucial para esse avanço, marcando uma mudança significativa nas taxas de cobertura vacinal do país.
“Desde 2016, estávamos enfrentando quedas nas coberturas vacinais de diversos imunizantes do calendário infantil. Com conquistas importantes como a erradicação da varíola e a eliminação da poliomielite, o Programa Nacional de Imunizações enfrentou sérios desafios”, destacou a ministra.
Ela celebrou os resultados positivos, mencionando o aumento da cobertura vacinal para 13 das 16 principais vacinas do calendário infantil, com uma média de alta de 7,1 pontos percentuais nos imunizantes que apresentaram recuperação.
Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), ressaltou que a reversão da queda na cobertura vacinal tem um impacto direto e imediato na saúde pública.
“Aumentar a cobertura vacinal significa aumentar a proteção contra doenças infecciosas preveníveis, salvando vidas e evitando doenças graves”, afirmou Flávia.
Melissa Palmieri, do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), acrescentou que o aumento na cobertura vacinal também beneficia crianças que, por questões médicas, não podem receber determinadas vacinas.
“Uma alta cobertura vacinal reduz a circulação de agentes infecciosos, proporcionando uma proteção indireta para aquelas crianças que não podem ser vacinadas por razões de saúde”, explicou Melissa.
Flávia Bravo destacou três pilares fundamentais responsáveis pelos resultados positivos de 2023: o Ministério da Saúde, as sociedades médicas e as famílias, que recuperaram a confiança nas vacinas mesmo diante de desinformação e notícias falsas sobre os riscos e efeitos adversos dos imunizantes.
“É fundamental reconhecer que a desinformação e o desconhecimento sobre a gravidade das doenças foram desafios significativos nos anos anteriores a 2023. A falta de temor em relação às doenças associada ao medo infundado das vacinas contribuiu para a queda na cobertura vacinal”, explicou Flávia.
Melissa Palmieri também alertou para os impactos negativos da desinformação, incentivando pais e responsáveis a buscar informações confiáveis sobre a importância das vacinas.
“É crucial que os pais se informem com pediatras, que estão atualizados com as recomendações do Programa Nacional de Imunizações, além de buscar orientações em agências de saúde locais e estaduais e no Ministério da Saúde”, orientou Melissa.
O Ministério da Saúde e Flávia Bravo destacaram o papel crucial do microplanejamento como uma estratégia eficaz para expandir a vacinação em todo o país. Esse método, recomendado pela OMS, adapta as campanhas de vacinação de acordo com as necessidades específicas de cada região.
“O microplanejamento leva em conta as características locais, como horários de trabalho dos pais e disponibilidade de infraestrutura de saúde, garantindo que as vacinas sejam acessíveis a todos”, explicou Flávia.
Em 2023, o governo destinou R$ 150 milhões em apoio às ações de imunização, com foco no microplanejamento e comunicação regionalizada. Para o próximo ano, está previsto o mesmo investimento, visando manter e expandir os avanços alcançados.
Flávia Bravo concluiu que os avanços na cobertura vacinal do Brasil não apenas beneficiam a população local, mas também servem como um exemplo global de sucesso em programas nacionais de imunização.
“Manter altas taxas de cobertura vacinal é essencial para prevenir surtos e proteger as crianças contra doenças preveníveis. Não podemos nos permitir relaxar, pois qualquer queda na cobertura vacinal pode resultar em riscos significativos de doenças evitáveis”, alertou Flávia.
Melissa Palmieri reforçou a importância do compromisso contínuo de pais, responsáveis e autoridades de saúde na garantia da saúde e bem-estar das crianças, destacando a legislação e o suporte necessário para assegurar a vacinação adequada.
Fonte: Agência Brasil