O combate à dengue mobilizou brasileiros, durante o Dia D de Mobilização contra a Dengue, promovido em diversas regiões do país. Entre as iniciativas, destacaram-se as visitas a residências, como a da aposentada Antônia Maria dos Prazeres Araújo, de 68 anos, no Distrito Federal, onde um simples saco de lixo quase se tornou um criadouro do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.
“Eu sempre limpo tudo, mas a sacola com água acumulada passou despercebida”, comentou Antônia, que recebeu orientações de agentes da Vigilância Ambiental. Bastou um furo no fundo do plástico para evitar que o recipiente se transformasse em uma ameaça à saúde.
A ação em Ceilândia, a cerca de 30 quilômetros de Brasília, integrou esforços de 47 bombeiros, 30 vigilantes ambientais, cinco vigilantes sanitários e três carros de “fumacê”, além do suporte do Ministério da Saúde. Os agentes aplicaram larvicidas em potenciais focos do mosquito, instalaram pastilhas para tratamento de água e reforçaram a importância da prevenção.
“Hoje existe uma vacina contra a dengue, mas ela está disponível apenas para pessoas entre 10 e 14 anos. A melhor forma de combater a doença continua sendo evitar criadouros do mosquito”, explicou Lívia Vinhal, coordenadora-geral de Vigilância em Arboviroses do Ministério da Saúde.
Segundo especialistas, o período que antecede o verão é o momento ideal para reduzir a infestação do mosquito, já que os casos costumam aumentar com a elevação das temperaturas e das chuvas. No verão passado, o Brasil enfrentou uma superepidemia, com 7 mil mortes e mais registros do que os quatro anos anteriores somados.
“As mudanças climáticas, como o aquecimento global e invernos menos rigorosos, têm ampliado as áreas de transmissão do mosquito, inclusive em países temperados que antes não registravam a presença do Aedes aegypti”, alertou Lívia.
O planejamento do Dia D envolveu meses de reuniões com especialistas e Secretarias Estaduais de Saúde. Além disso, o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciou que mutirões serão realizados semanalmente em diferentes regiões administrativas até o fim do período de maior risco.
“Sem o engajamento da população, os esforços para combater o mosquito serão insuficientes. O combate à dengue exige uma atuação conjunta de todos”, enfatizou Luiz Felipe Carvalho, presidente da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) do Distrito Federal.
A aposentada Antônia Maria foi orientada a adotar medidas simples, mas eficazes, como cobrir baldes de água, eliminar buracos nas tampas de esgoto e evitar recipientes descobertos. O maior problema, no entanto, não estava em sua casa, mas na calha do vizinho, que acumulava terra e folhas.
“Vou falar com ele de novo para limpar a calha”, disse Antônia, enquanto um agente aplicava larvicida no local. Esse exemplo reforça a ideia de que o combate à dengue vai além do individual. “É uma responsabilidade comunitária. Cada morador deve zelar por si e por seus vizinhos”, reforçou Carvalho
O uso do “fumacê” e de larvicidas continua sendo uma das principais estratégias para conter o mosquito. No entanto, a tecnologia, aliada a campanhas de conscientização, desempenha papel crucial. A vacina, embora ainda restrita a uma faixa etária limitada, é outro avanço no enfrentamento da doença.
Para que o Brasil não repita os altos números de infecção e mortes, o esforço conjunto entre governo e sociedade se mostra indispensável. Como lembrou Lívia Vinhal, “prevenir é sempre o melhor remédio”.
Fonte: Agência Brasil