A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deu um passo inovador para acelerar e otimizar o registro de pesquisas clínicas no Brasil. Nesta segunda-feira (24), a instituição lançou a Rebec@, uma inteligência artificial generativa capaz de responder dúvidas sobre documentos, prazos de submissão, tipos de estudos e regras para aprovação de pesquisas, além de fornecer informações sobre como se tornar voluntário.
As pesquisas clínicas são fundamentais para garantir a segurança e eficácia de novos medicamentos, vacinas e procedimentos médicos antes que cheguem à população. O uso da IA pretende agilizar e democratizar o acesso a esse processo, permitindo que pesquisadores tirem dúvidas e acelerem a tramitação de seus estudos.
De acordo com a Fiocruz, a Rebec@ está conectada a uma base de dados atualizada com informações sobre regulação e boas práticas em pesquisa clínica. O sistema funcionará 24 horas por dia, sete dias por semana, permitindo que pesquisadores tenham suporte contínuo.
Priorização de estudos e fast-tracks
A nova IA trabalha com temas considerados prioritários pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), incluindo condições de saúde específicas e doenças emergentes. Para alguns desses casos, há um processo de fast-track, que permite revisão e aprovação de estudos em até 48 horas.
Ainda em 2025, a previsão é de que a Rebec@ passe a abranger fast-tracks para pesquisas sobre todos os patógenos que a OMS classifica como prioritários na América Latina. O lançamento global dessas inovações está programado para o dia 20 de maio, durante a 78ª Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, coincidindo com o Dia Internacional dos Ensaios Clínicos.
“Ao otimizar recursos e agilizar processos, a Rebec@ impacta diretamente toda a cadeia de inovação, fortalecendo a colaboração científica e garantindo que vacinas e novas terapias cheguem mais rapidamente à população. O impacto no SUS será direto”, destacou Maria de Lourdes Aguiar Oliveira, vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz.
Testes e credibilidade internacional
A IA já vem sendo testada pela International Clinical Trials Registry Platform (ICTRP), a rede global da OMS para transparência em pesquisas clínicas. Apenas estudos registrados em bases reconhecidas, como o Clinical Trials (EUA) ou em plataformas da ICTRP, são aceitos pelas principais revistas científicas do mundo.
“Em emergências sanitárias, como pandemias, a credibilidade e a rapidez na publicação de resultados são essenciais. A Rebec@ pode ser um diferencial nesse contexto”, afirmou Luiza Silva, coordenadora do projeto.
Atendimento personalizado e expansão internacional
Além de otimizar o atendimento, a Rebec@ também ajudará a reduzir a carga de trabalho dos revisores humanos do Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos. O professor Josué Laguardia, responsável pelo sistema, destacou que o modelo de IA pode atender dúvidas frequentes de forma automática, permitindo que os especialistas humanos foquem nos casos mais complexos.
“Os revisores poderão prestar um atendimento mais personalizado, enquanto a IA oferece suporte imediato para perguntas padronizadas. Isso representa um avanço significativo na eficiência do processo”, explicou Laguardia.
A expectativa da Fiocruz é que a Rebec@ também atraia pesquisadores de outros países com interesse em desenvolver estudos na América Latina.
“Estamos explorando a possibilidade de criar um ecossistema integrado de pesquisa na região, permitindo que países vizinhos utilizem nossa expertise em curadoria de informação e registro de estudos. Isso pode ser um grande passo para a ciência na América Latina”, acrescentou Laguardia.
Com essa iniciativa, a Fiocruz reafirma seu compromisso com a inovação e a transparência científica, promovendo avanços que beneficiarão tanto os pesquisadores quanto a sociedade.
Fonte: Agência Brasil