Formada em Pedagogia e Libras, educadora busca promover a inclusão e garantir a aprendizagem dos estudantes
Há 39 anos, Joelma Sanches conheceu a Escola Estadual Augusto Carneiro, onde, aos 6 anos de idade, conduzida pela mãe, ela iniciava a sua trajetória na educação inclusiva como aluna. Em 2006, formou-se em Pedagogia e em Libras, e decidiu retornar à primeira unidade escolar que a acolheu.
“Esta escola foi a primeira em que tive contato com a educação inclusiva. Em seguida, estudei na Escola Estadual Carvalho Leal, onde permaneci até a minha entrada na universidade, quando surgiu o desejo de lecionar, de ser uma profissional da Educação”, recorda Joelma, que após algum tempo voltou à unidade escolar de seus primeiros anos de formação.
“Fiquei muito emocionada, eu me vi nessas crianças, então decidi estimulá-las e auxiliá-las. Passei a falar sobre a importância do conhecimento, busquei métodos e estratégias para usar com eles, adequei itens para que todos pudessem entender a importância das Libras para o futuro de cada criança que passa por essa escola”, explica Joelma Sanches.
Surda desde os 4 anos de idade, a professora da Secretaria de Estado de Educação e Desporto se formou em Pedagogia e, ainda, em Ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras), onde fortaleceu a identidade surda.
“Aqui, eu tenho a consciência de que estou com os meus iguais, com a minha comunidade, e ensino diariamente sobre a nossa identidade, a cultura surda e a liberdade de comunicação, pois isso é extremamente relevante, mostrar que somos capazes, somos protagonistas da nossa história e da nossa vida, motivando a nossa comunidade surda a investir em outros outros projetos”, destaca Joelma.
Para a professora, a inclusão de surdos nas esferas sociais se inicia dentro de suas próprias famílias, já que estas desempenham uma das funções fundamentais que promovem a saúde, o bem-estar e a proteção dos alunos surdos.
“O mais importante é estimular a comunicação entre pais e filhos. A convivência familiar faz toda a diferença e motiva estas crianças a buscarem ter um futuro, a de ter liberdade, a independência. Já no que se refere à pessoa surda, a família tem um relevante papel no seu desenvolvimento e na construção da sua identidade”, conclui.
Inspiração – A professora Joelma Sanches conta que a sua maior motivação foi exatamente a que teve de sua mãe, que não desistiu de alfabetizá-la mesmo com tantos desafios impostos a uma pessoa com deficiência.
“Minha mãe não desistiu, ela sempre foi muito determinada, todos os dias era uma luta e, mesmo assim, ela nunca desistiu. Aprendeu Libras para que nos comunicássemos, enfim, foi realmente uma guerreira. Hoje eu agradeço a esta mulher que me instruiu e me dizia que eu precisava seguir o exemplo dos outros alunos, que deveria desenvolver o meu conhecimento para viver os meus objetivos, os meus desafios”, salienta a docente.
Desde quando era aluna, a gestora da Escola Estadual Augusto Carneiro, Haydeê Carneiro, a trajetória da professora Joelma Sanches e afirma que ter, em seu quadro de docentes, professores que já foram alunos é de um orgulho imensurável.
“Para nós é um desafio estar em pleno funcionamento durante todos estes anos. Antes, a situação era bem mais difícil, a luta de cada um desses alunos é muito grande, e todos têm conquistado muito espaço. Nosso intuito é sempre dar suporte para que alcem voos cada vez maiores. Um exemplo é a professora Joelma, que estudou conosco aos 6 anos e, hoje, retorna à nossa unidade escolar como inspiração”, conclui Haydeê.
FOTOS: Eduardo Cavalcante/Seduc-AM