A partir desta segunda-feira (14) até o dia 29 de novembro, o Banco Central abriu inscrições para a segunda fase de testes do Drex, a versão digital do real. Empresas interessadas em participar desse processo podem enviar propostas para testar o desenvolvimento de negócios baseados em smart contracts (contratos inteligentes). Essa fase é parte essencial do projeto que visa modernizar e digitalizar a moeda nacional brasileira.
Os contratos inteligentes, que são a base desses testes, utilizam a tecnologia blockchain, a mesma das criptomoedas. Esses contratos são programações que executam automaticamente as condições estabelecidas entre as partes, sem necessidade de intermediários, como cartórios, reduzindo custos e acelerando processos burocráticos. Dessa forma, transações como compra e venda de veículos, imóveis ou ativos do agronegócio podem ser realizadas de maneira mais ágil e segura, sem a intervenção de terceiros.
Segundo o Banco Central, as instituições financeiras que desejarem participar do projeto-piloto precisam ser capazes de testar os modelos de negócios propostos, realizando transações de emissão, resgate e transferência de ativos, além de simular fluxos financeiros de negociação, conforme o caso. Esse teste é uma oportunidade única para o mercado experimentar a aplicação prática do Drex.
As propostas para participar da segunda fase do Drex devem ser enviadas ao Banco Central até o dia 29 de novembro. O documento deve ter até cinco páginas, detalhando o modelo de negócios, possíveis benefícios, soluções de privacidade e qualquer barreira legal que possa surgir. Não há um limite estabelecido para o número de propostas selecionadas, e o BC avaliará todas com base na capacidade técnica e operacional de cada candidato.
Após a seleção, os participantes deverão formalizar um termo de adesão ao projeto e designar um representante técnico para coordenar a interação com o Banco Central. As instituições escolhidas terão a oportunidade de testar suas soluções em um ambiente real de simulação, ampliando o horizonte para o uso do Drex no futuro do mercado financeiro brasileiro.
O Banco Central iniciou os primeiros testes do Drex em março de 2023, utilizando a plataforma Hyperledger Besu, que opera com código aberto, reduzindo custos com licenças e royalties. A Hyperledger Besu é compatível com a tecnologia Ethereum, o que possibilita testes em ambientes controlados, garantindo a privacidade das transações financeiras.
Esses testes iniciais envolveram 16 consórcios selecionados para desenvolver sistemas integrados ao Hyperledger Besu e soluções tecnológicas baseadas na versão digital do real. A fase de testes incluiu operações simuladas para avaliar a segurança, privacidade e agilidade do Drex em transações financeiras. As operações simularam desde depósitos bancários até movimentações de títulos do Tesouro Nacional, sempre buscando assegurar a eficiência e confiabilidade do sistema.
A primeira fase do piloto trouxe insights valiosos, mas também atrasou o cronograma original do Banco Central. Inicialmente, a circulação do Drex estava prevista para o final de 2024 ou início de 2025. No entanto, interrupções causadas por paralisações nos servidores do BC, além de desafios técnicos para garantir a privacidade dos usuários, atrasaram o lançamento.
Agora, com a segunda fase em andamento, o Banco Central pretende expandir o escopo dos testes e incluir novas empresas no processo. Os testes relacionados aos smart contracts continuarão até o fim do primeiro semestre de 2025, permitindo que mais consórcios e empresas contribuam com o desenvolvimento e aprimoramento da moeda digital brasileira.
Com a implementação do Drex, o Banco Central visa oferecer uma solução inovadora e eficiente para o mercado financeiro do Brasil, trazendo mais agilidade e segurança para as transações digitais. A adesão das empresas a essa fase de testes será crucial para definir os próximos passos da digitalização da economia brasileira, com um sistema que promete revolucionar a maneira como os ativos financeiros são negociados.
O futuro do Drex está atrelado ao sucesso dessa segunda fase, e o envolvimento das instituições financeiras e de tecnologia será decisivo para o lançamento da moeda digital no Brasil. À medida que mais participantes se inscrevem e contribuem com o projeto, a expectativa é de que o Drex represente um marco importante na modernização do sistema financeiro brasileiro.
Fonte: Agência Brasil