O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, recebeu na última sexta-feira, em São Paulo, o documento final de recomendações elaborado pelo fórum empresarial Business 20 (B20) para a cúpula do G20, que ocorrerá em novembro no Brasil, no Rio de Janeiro. Esse documento reúne sugestões da comunidade empresarial internacional, que inclui aproximadamente mil representantes do setor privado dos países do G20, de nações convidadas e de organizações internacionais, abordando temas como comércio justo, infraestrutura verde e inovação tecnológica.
Durante o B20 Summit Brasil, que ocorreu entre os dias 24 e 25 de outubro em São Paulo, Alckmin destacou o alinhamento entre o governo brasileiro e as propostas do B20, ressaltando o compromisso com reformas importantes, incluindo a modernização da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a promoção da equidade de gênero nos setores produtivos. Segundo ele, a cooperação entre o B20 e o G20 busca construir um sistema econômico global mais justo, sustentável e inclusivo.
As recomendações apresentadas pelo B20 estão fundamentadas em cinco princípios estratégicos: promover o crescimento inclusivo e combater a fome e as desigualdades; acelerar a transição para emissões líquidas zero de carbono; impulsionar a produtividade por meio da inovação; reforçar a resiliência das cadeias globais de valor; e valorizar o capital humano. Estes pilares refletem o objetivo de enfrentar os principais desafios econômicos e ambientais do século XXI, com foco em estratégias que promovam o desenvolvimento sustentável e socialmente responsável.
De acordo com o vice-presidente Alckmin, como país anfitrião do G20, o Brasil está comprometido em defender um sistema de comércio internacional que beneficie tanto economias desenvolvidas quanto aquelas em situação de vulnerabilidade. “As recomendações do B20 convergem com os esforços do G20, especialmente no que se refere ao fortalecimento do comércio e dos investimentos sustentáveis”, destacou Alckmin. Ele ainda pontuou a necessidade de um sistema de comércio multilateral que seja equitativo, permitindo que as nações avancem economicamente sem comprometer os princípios da sustentabilidade e da justiça social.
Entre as pautas discutidas, um dos pontos centrais das recomendações do B20 é o combate à fome e à desigualdade global. Segundo o documento, até 2030, estima-se que cerca de 600 milhões de pessoas enfrentarão insegurança alimentar crônica, especialmente mulheres e populações rurais. A inclusão de mulheres no comércio internacional, tema discutido pela primeira vez como prioridade do G20, foi enfatizada pelo vice-presidente como um passo essencial para uma economia mais justa. “A capacitação de lideranças femininas tem mostrado resultados positivos no Brasil, e essa pauta ganha destaque no contexto do comércio e dos investimentos globais, promovendo um ambiente mais diverso e inclusivo nos negócios”, ressaltou Alckmin.
O B20 Summit Brasil reuniu importantes lideranças do setor privado, que coordenaram as forças-tarefas do fórum e foram responsáveis pela elaboração das recomendações para o G20. Estiveram presentes figuras como Ricardo Mussa, CEO da Raízen; Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer; Gilberto Tomazoni, CEO da JBS; Fernando de Rizzo, CEO da Tupy; Paula Bellizia, vice-presidente da AWS na América Latina; Luciana Ribeiro, cofundadora da EB Capital; Walter Schalka, membro do conselho da Suzano; e Claudia Sender, executiva de conselhos empresariais. Esses líderes discutiram estratégias para fortalecer as cadeias globais de valor, aprimorar a produtividade e garantir a resiliência econômica frente às mudanças climáticas e desafios globais.
Dan Ioschpe, chair do B20, destacou a colaboração estreita entre o B20 e o G20 nesta edição. “Através do diálogo contínuo com o governo brasileiro e os representantes do G20, nossas propostas foram bem recebidas. Temos confiança de que essas ideias conjuntas serão consideradas durante a cúpula no próximo mês”, afirmou Ioschpe.
O Brasil, que ocupa um papel central como anfitrião da próxima cúpula do G20, está posicionado para promover um debate sobre a reestruturação do sistema econômico mundial em bases mais justas e sustentáveis. Com o apoio das recomendações do B20, o país pretende influenciar positivamente nas negociações, propondo uma visão que considera o desenvolvimento sustentável e a equidade social como elementos essenciais para o crescimento econômico. Este alinhamento com as pautas empresariais visa não apenas o fortalecimento do mercado global, mas também a construção de um futuro mais justo e sustentável.
À medida que o G20 se aproxima, espera-se que as propostas do B20 ofereçam uma base sólida para o diálogo entre as lideranças internacionais, reforçando a importância de uma agenda global comprometida com o combate à pobreza, a promoção da inovação e a preservação do meio ambiente. A realização do evento no Brasil confere ao país uma posição estratégica para influenciar as discussões e fortalecer o protagonismo regional e global nas áreas de comércio e desenvolvimento sustentável.
Fonte: Agência Brasil