A cobertura vacinal infantil no Brasil está mostrando sinais claros de recuperação, após anos de declínio agravado pela pandemia de COVID-19. Em uma conferência de imprensa em Brasília, realizada nesta terça-feira (23), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou novos dados animadores sobre o tema. Em 2022, o Brasil contabilizou 2.561.922 nascimentos, com 243.008 crianças sem a primeira dose da vacina contra a poliomielite. Já em 2023, esse número caiu para 152.521 crianças não vacinadas entre 2.423.597 nascidos vivos, significando uma redução de mais de 90 mil crianças sem imunização.
Luciana Phebo, chefe de Saúde do Unicef Brasil, destacou a importância desses números durante o evento. “Após anos de piora, o Brasil começou a retomar a vacinação. Mais de 90 mil crianças a mais foram vacinadas em relação ao ano anterior. Essa é uma diferença expressiva e um indicativo de melhoria”, comentou Phebo.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, também presente na coletiva, afirmou que o país está vivenciando “uma virada” no cenário das coberturas vacinais. “Estamos vivendo uma virada. Uma virada na direção de alcançarmos coberturas vacinais necessárias para a proteção de nossas crianças, de nossa sociedade, de nossos adolescentes”, disse Trindade, que destacou ainda a implementação da dose única da vacina contra o HPV para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, iniciada este ano.
A ministra informou que 13 das 16 principais doses infantis que constam no Programa Nacional de Imunizações (PNI) apresentaram melhorias em 2023. Entre os imunizantes com aumento de cobertura estão as vacinas contra pólio, pentavalente, rotavírus, hepatite A, febre amarela, meningocócica C (1ª dose e reforço), pneumocócica 10 (1ª dose e reforço), tríplice viral (1ª e 2ª doses) e reforço da tríplice bacteriana.
“Foi uma virada com muita luta. Devemos sim celebrar, mas também apontar os caminhos que temos pela frente”, avaliou Nísia. “Esse aumento geral da cobertura coloca muito bem esse avanço que, como eu disse, celebramos, mas com a consciência de que temos muito a avançar.”
Em meio à Semana Mundial de Imunização e à Semana de Vacinação nas Américas, que ocorrem de 24 a 30 de abril, Socorro Gross, representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, reforçou a importância da vacinação. “A criança não ter esse direito é algo muito significativo”, disse. Ela destacou que a partir deste ano, a vacina oral contra a pólio está sendo substituída pela versão inativada e injetável, com um esquema de três doses aos 2, 4 e 6 meses de vida e um reforço aos 15 meses.
Para Socorro, três intervenções em saúde pública são essenciais para garantir qualidade de vida a todas as crianças: acesso à água potável, aleitamento materno e vacinação. “A região das Américas sofreu muito ao longo dos últimos anos. Perdemos muito nas coberturas de vacinação”, lamentou.
Com esses novos dados, o Brasil mostra que está no caminho certo para recuperar e melhorar as taxas de imunização infantil, uma vitória para a saúde pública e para a proteção das futuras gerações.
Fonte : Agência Brasil