Cultura em Brasília não é mais apenas sinônimo de rock, graças ao diversificado cenário musical que se desenvolveu ao longo dos anos. Conhecida na década de 1980 como a capital do rock brasileiro, por ser o berço de bandas icônicas como Legião Urbana e Capital Inicial, Brasília hoje abraça também o choro, um dos mais expressivos e tradicionais ritmos da música brasileira. Todos os domingos, o grupo Choro Livre se encontra no Eixão Norte para uma demonstração viva dessa transformação cultural.
O Eixão Norte, transformado em Eixão do Lazer aos domingos, torna-se um palco aberto onde a população local se dedica a atividades ao ar livre como caminhadas e passeios de bicicleta, enquanto desfruta de variados eventos culturais. Em comemoração ao aniversário de Brasília, o grupo Choro Livre realizou mais uma edição do seu renomado Choro no Eixo, que foi transmitido ao vivo pela Rádio Nacional de Brasília, parte da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Durante o evento, enquanto clássicos do choro ressoavam, os visitantes aproveitavam as barracas de comidas típicas e buscavam abrigo sob as sombras das árvores, fugindo do calor que rondava os 27°C. A música, liderada pelo cavaquista Márcio Marinho, não era apenas entretenimento, mas um meio de conectar a comunidade com suas raízes culturais. Marinho destacou a importância do projeto: “A gente continua fomentando esse projeto. É sempre importante mobilizar a cultura popular brasileira, porque ela está sempre em transformação. O que estamos fazendo aqui é história, transformando a cultura brasileira”.
O evento também foi uma plataforma para questões sociais mais amplas. A Articulação dos Povos Indígenas (Apib) aproveitou a ocasião para conscientizar sobre a luta contra o marco temporal de terras indígenas. Uma barraca foi montada para distribuição de panfletos, com cerca de 8 mil indígenas mobilizados em Brasília para o 20° Acampamento Terra Livre, que começaria na segunda-feira subsequente. Kleber Karipuna, representante da Apib, comentou: “Simbolicamente, se juntam os povos indígenas e o choro, símbolo da cultura brasileira, para fazer uma luta pela democracia, pela sociedade e pelos povos indígenas”.
O reconhecimento do choro como patrimônio cultural imaterial do país pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi outra conquista celebrada no evento. Leandro Grass, presidente do Iphan, afirmou: “Agora a gente vai para as escolas, para as praças, ruas e todos os lugares”, sinalizando uma nova fase de promoção e educação sobre esse gênero musical fundamental.
Essas iniciativas refletem um esforço contínuo para preservar e enriquecer a cultura em Brasília, transformando-a em um modelo de diversidade e engajamento cultural no Brasil. A combinação de música, patrimônio e ativismo no Choro no Eixo é um exemplo palpável de como a cultura pode servir como um vetor para a educação, a inclusão social e a mudança política.
Fonte: Agência Brasil