Desmatamento na Mata Atlântica registrou uma redução significativa de 55% no primeiro semestre de 2024, comparado ao mesmo período de 2023. De acordo com dados do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD), divulgados pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o MapBiomas, a área desmatada caiu de 47.896 hectares para 21.401 hectares. Apesar dos avanços, especialistas alertam que o impacto ainda é alarmante e medidas contínuas são necessárias para alcançar o desmatamento zero no bioma.
A redução do desmatamento na Mata Atlântica é atribuída a políticas públicas mais eficazes, incluindo o fortalecimento da fiscalização, cortes de crédito para desmatadores ilegais e o uso de embargos remotos. Esses mecanismos são fundamentais para coibir o uso comercial de áreas desmatadas.
Segundo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica, os dados de 2024 são um alívio, mas ainda insuficientes. “O fortalecimento das ações do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama foi essencial para essa redução, mas precisamos continuar vigilantes e avançar com estratégias de combate ao desmatamento.”
Nas áreas de encraves – fragmentos de vegetação nativa situados entre outros biomas como Cerrado e Caatinga – a redução alcançou 58%, refletindo o impacto positivo de planos nacionais de combate ao desmatamento em múltiplos biomas.
Apesar da redução, apenas 24% da cobertura original da Mata Atlântica permanece preservada, bem abaixo do limite mínimo de 30% recomendado para a conservação do bioma, conforme estudo publicado na revista Science. Além disso, a maior parte das florestas naturais restantes está fragmentada em áreas menores que 50 hectares, principalmente em propriedades privadas.
Guedes Pinto acredita que o Brasil tem potencial para alcançar o desmatamento zero na Mata Atlântica até 2030, em conformidade com o Acordo de Paris. “Este bioma, com governança relativamente mais robusta, pode ser o primeiro a atingir essa meta. Mas é fundamental intensificar a fiscalização, aplicar punições para crimes ambientais e oferecer incentivos econômicos, como pagamentos por serviços ambientais e mercado de carbono.”
As queimadas criminosas seguem como um dos maiores desafios para a conservação da Mata Atlântica. Malu Ribeiro, diretora de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, destacou que, em muitos casos, as queimadas têm causado mais danos do que o desmatamento direto.
“As florestas queimadas enfrentam degradações severas, que podem levar ao desaparecimento de fragmentos menores. As queimadas também geram impactos na biodiversidade e na emissão de gases de efeito estufa, contribuindo para as mudanças climáticas”, afirmou Guedes Pinto.
O engenheiro agrônomo também ressaltou que proteger áreas impactadas por queimadas é essencial para evitar que o bioma entre em um ciclo de morte. “A recuperação dessas áreas deve ser monitorada para garantir sua resiliência a longo prazo.”
Para alcançar o desmatamento zero, a SOS Mata Atlântica aponta que é necessário combinar fiscalização rigorosa, aplicação de leis ambientais e incentivos econômicos. A diretora Malu Ribeiro destacou ainda a importância de combater a impunidade nos crimes ambientais, citando a falta de justiça em casos como o rompimento da barragem em Mariana, Minas Gerais.
A redução do desmatamento é um passo importante, mas o caminho para a preservação total da Mata Atlântica exige um esforço conjunto entre governos, sociedade civil e setor privado. Proteger esse bioma é não apenas uma questão ambiental, mas também de segurança climática e social para o Brasil e o mundo.
Fonte: Agência Brasil