Sensação de cansaço constante, dificuldade para dormir ou agitação são sintomas que impactam a qualidade de vida de 72% dos brasileiros, segundo levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em alça de mira das autoridades médicas, os distúrbios do sono vêm sendo discutidos nesta sexta-feira (14), quando se celebra o Dia Mundial do Sono. Em 2025, a campanha global traz o tema “Faça da Saúde do Sono uma Prioridade”, reforçando a importância do descanso adequado para o bem-estar geral.
Criada em 2008, a data tem o objetivo de conscientizar a população sobre os impactos negativos da privação de sono e incentivar hábitos saudáveis para um descanso reparador.
Sinais de alerta e acompanhamento profissional
O tratamento dos distúrbios do sono pode envolver diferentes especialidades médicas, como psicologia, psiquiatria, neurologia e otorrinolaringologia. O otorrinolaringologista Edilson Zancanella, coordenador do Conselho de Administração da Academia Brasileira do Sono e representante da Sociedade Mundial do Sono na América Latina, explica que os sinais de alerta podem estar associados ao comportamento diurno do paciente.
“A pessoa que passa a ficar esquecida, mal-humorada, tem dificuldade em manter a atenção e sente sono durante o dia pode estar sofrendo com distúrbios do sono. Outro fator importante é o ronco, que também pode indicar problemas relacionados ao sono”, alerta Zancanella.
Importância da higiene do sono
Para evitar os impactos negativos da privação de sono, especialistas recomendam a adoção de hábitos saudáveis. Segundo Zancanella, é essencial criar um ritual noturno para induzir o sono e melhorar sua qualidade.
“A regularidade nos horários de deitar e acordar é fundamental. Nosso organismo responde bem a padrões e, quando não seguimos uma rotina adequada, o corpo pode sentir os impactos. Criar um ritual de sono – como evitar o uso de telas antes de dormir, vestir roupas confortáveis e manter o ambiente escuro e silencioso – pode fazer a diferença”, ressalta.
Paralisia do sono: um desafio enfrentado por muitos
Um dos distúrbios do sono mais relatados é a paralisia do sono, caracterizada pela incapacidade temporária de se mover ou falar ao despertar. A estudante Jackie Viana, de 20 anos, convive com essa condição desde os 12 anos e precisou adotar estratégias para melhorar sua qualidade de vida.
“Procuro ouvir sons relaxantes antes de dormir e, em alguns momentos, utilizo medicamentos para induzir o sono. A leitura também me ajuda a acalmar a mente e preparar o corpo para o descanso”, conta Jackie.
Insônia e apneia do sono: perfis e desafios
Além da paralisia do sono, outros distúrbios como insônia e apneia do sono afetam milhões de brasileiros. Segundo Zancanella, a insônia é mais comum entre mulheres na fase pós-menopausa devido às alterações hormonais, enquanto a apneia do sono é mais prevalente em homens acima dos 45 anos com sobrepeso. No entanto, ambas as condições podem ocorrer em qualquer idade, inclusive na infância e na adolescência.
“A apneia do sono é um problema de saúde grave, pois interfere diretamente na oxigenação do organismo e pode estar associada a doenças cardiovasculares. O tratamento pode incluir mudanças de hábitos, uso de aparelhos específicos ou, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas”, explica o especialista.
Dicas para melhorar a qualidade do sono
Para garantir um sono mais reparador, os especialistas recomendam:
- Manter regularidade nos horários de deitar e acordar
- Evitar o uso de dispositivos eletrônicos pelo menos uma hora antes de dormir
- Criar um ambiente escuro e silencioso no quarto
- Adotar uma alimentação leve e equilibrada no período noturno
- Praticar atividades físicas regularmente, mas evitar exercícios intensos antes de dormir
Ao priorizar a saúde do sono, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida, prevenindo doenças e promovendo bem-estar físico e mental.
Fonte: Agência Brasil