Para fortalecer a presença, a escuta e o respeito à juventude LGBTI+ no mercado de trabalho, foi lançado neste sábado, em São Paulo, o Manifesto do Grupo de Trabalho das Juventudes LGBTI+. O evento ocorreu no Museu da Diversidade Sexual, localizado na estação República do Metrô, e reuniu lideranças sociais e empresariais comprometidas com a promoção da diversidade e da inclusão nas corporações.
A iniciativa foi desenvolvida pelo Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, criado em 2014 com o objetivo de articular o setor empresarial em torno da promoção dos direitos humanos no ambiente corporativo. O manifesto é resultado de mais de um ano de trabalho coletivo e já conta com a assinatura de mais de 160 grandes empresas do Brasil, consolidando-se como um marco no compromisso do setor privado com a inclusão da juventude LGBTI+.
Destinado a jovens de 18 a 29 anos, o documento expõe não apenas as experiências de discriminação e exclusão vividas por esse público, mas também aponta caminhos para a construção de ambientes organizacionais mais diversos, éticos e acolhedores. Entre os temas centrais estão a importância de espaços de escuta ativa, valorização de talentos em situação de vulnerabilidade, e estratégias para garantir oportunidades reais de crescimento profissional.
Bru Ferreira, liderança de comunicação da Blend Edu e do It Gets Better Brasil, ambas organizações envolvidas na criação do manifesto, destacou que o documento não é apenas simbólico, mas prático. “Estamos há pouco mais de um ano trabalhando no grupo de juventudes do Fórum. Nosso objetivo é levar às empresas e organizações informações reais sobre a importância de ouvir as juventudes, conhecer suas vivências e acolher suas demandas. Elas são essenciais não apenas para a diversidade, mas também para inovação e desempenho no mercado”, afirmou.
De acordo com Reinaldo Bulgarelli, secretário-executivo do Fórum, o manifesto representa um compromisso institucional das empresas signatárias para promover ambientes de trabalho mais inclusivos e respeitosos. “Esse manifesto é um monte de quereres: queremos participar do mundo das empresas, queremos contribuir com a transformação e queremos acelerar o aprendizado que a empresa precisa ter com sua juventude”, declarou.
Bulgarelli também fez um alerta direto ao setor empresarial: “Abandonar a juventude não é um bom negócio. E abandonar uma juventude talentosa, cheia de potência, apenas por ela ser LGBTI+, é pior ainda.”
O manifesto propõe dez ações concretas, entre elas:
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Criação de espaços de pertencimento e escuta ativa;
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Valorização de talentos LGBTI+ em situação de exclusão social;
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Políticas internas de reconhecimento e incentivo à diversidade;
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Promoção de rodas de conversa, formações e eventos que tratem das especificidades da juventude LGBTI+;
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Fomento à inclusão em processos seletivos e programas de desenvolvimento de carreira.
O documento, que já está disponível no site oficial do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, será amplamente compartilhado entre as empresas associadas. A expectativa, segundo Bru Ferreira, é que o texto sirva não apenas como referência institucional, mas como instrumento de transformação real e contínua.
“A ideia é que ele seja um documento vivo, que possa provocar debates, eventos, mudanças e que vá além do Fórum. Queremos que ele circule em outras esferas do mercado, que inspire outras empresas e que realmente faça barulho”, enfatizou Bru.
A juventude LGBTI+ representa um dos grupos mais afetados por barreiras estruturais no acesso ao trabalho formal, enfrentando desde discriminação em processos seletivos até invisibilização em ambientes corporativos. Dados recentes apontam que jovens LGBTI+ ainda estão mais expostos ao desemprego, à informalidade e a situações de vulnerabilidade socioeconômica.
O lançamento do manifesto vem, portanto, como uma resposta direta e propositiva a essa realidade, colocando a responsabilidade nas mãos das empresas para que avancem em políticas de inclusão que sejam efetivas, contínuas e construídas com participação ativa das juventudes.
A expectativa do Fórum é que, a partir desse documento, o setor privado possa não apenas repensar suas práticas, mas também liderar um movimento nacional de valorização das juventudes LGBTI+ no mercado de trabalho, contribuindo para um Brasil mais justo, igualitário e plural.
Fonte: Agência Brasil