As Bibliotecas Nacionais dos países ibero-americanos têm um compromisso vital com a preservação e conservação de acervos históricos e culturais. Essa missão será o centro das discussões durante a 35ª Assembleia Geral da Associação de Estados Ibero-Americanos para o Desenvolvimento das Bibliotecas Nacionais dos Países Ibero-Americanos (Abinia), que acontecerá de 3 a 6 de dezembro, no Auditório Machado de Assis, na sede da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), no centro do Rio de Janeiro.
A última vez que o Brasil sediou este evento internacional foi em 2000, e a edição de 2024 marca um momento significativo para o setor. Representantes de 18 países, como Argentina, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Chile, Equador, México, Panamá, Paraguai, Portugal, entre outros, já confirmaram presença. Alguns, como Bolívia e Peru, participarão de forma virtual, reforçando a integração promovida pelo encontro.
“O fato de reunirmos esses países após 24 anos evidencia a relevância do Brasil no cenário cultural internacional e a necessidade contínua de integração na América Latina”, destacou Marco Lucchesi, presidente da FBN.
Portugal, ausente das últimas edições, retoma sua participação neste ano, um marco celebrado por Lucchesi. “Esse retorno reflete a importância da colaboração entre nossas instituições e reafirma o papel de Portugal e Espanha como raízes ibéricas de uma vasta comunidade cultural.”
As discussões não se limitam ao valor histórico. Com bilhões de itens preservados pelas bibliotecas participantes, o encontro também destaca o papel dessas instituições na promoção de políticas de memória e no uso de tecnologias emergentes.
O evento contará com palestras e debates sobre temas essenciais, como o Depósito Legal Eletrônico, que visa garantir o acesso e a preservação de conteúdos digitais. Um dos destaques será a apresentação de Gloria Expósito, da Biblioteca Nacional da Espanha, sobre a importância desse mecanismo no contexto digital.
Outro ponto alto será a abordagem de bibliotecas sustentáveis, com especialistas como José Luiz Pederzoli Jr. e Santi Romero explorando desafios e oportunidades na arquitetura e no planejamento estratégico para o desenvolvimento sustentável.
“O crescimento das bibliotecas, seja no formato físico ou virtual, exige reflexões profundas sobre o uso de tecnologias como a inteligência artificial, elemento cada vez mais relevante para pesquisa e acessibilidade”, explicou Lucchesi.
Em 2024, a Biblioteca Nacional ampliou sua atuação global, participando de reuniões no Vaticano e promovendo seminários em países africanos de língua portuguesa (PALOPs). Além disso, tornou-se observadora e conselheira na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), consolidando sua posição como agente de microdiplomacia.
Essas ações ressaltam a relevância da Biblioteca Nacional não apenas como guardiã da memória cultural, mas também como promotora de conhecimento e cooperação internacional.
Fundada em 1988, a Abinia promove a colaboração entre bibliotecas nacionais da Ibero-América, incentivando projetos conjuntos e cooperação internacional. A organização reúne 18 bibliotecas nacionais, sendo a Assembleia Geral seu órgão máximo de deliberação.
A 35ª edição do encontro promete fortalecer laços e propor soluções inovadoras para desafios comuns, reforçando o papel das bibliotecas na construção de sociedades mais conectadas e conscientes de seu patrimônio cultural.
Fonte: Agência Brasil