A Festa Literária das Periferias (Flup) de 2024, que acontece no Rio de Janeiro entre os dias 11 e 17 de novembro, terá como tema principal a força da mulher negra e seu impacto transformador na sociedade. A frase da filósofa Angela Davis, “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”, serve como norte para a programação do evento, que chega à sua 14ª edição celebrando a representatividade e a força das mulheres negras na literatura e na cultura.
Com 90% da programação composta por mulheres negras, a Flup traz o tema “Roda a Saia, Gira a Vida” para evidenciar o papel fundamental das mulheres na luta contra o racismo e na construção de uma cultura de resistência e inclusão. O evento será realizado no Circo Voador, no Rio de Janeiro, coincidindo com a realização do G20 Social, entre os dias 14 e 16 de novembro, o que fortalece o diálogo entre questões locais e globais. Segundo o diretor-fundador da Flup, Julio Ludemir, o evento busca conectar periferias brasileiras ao cenário internacional, colocando em pauta temas como raça, gênero e cultura, temas que permeiam as discussões econômicas e sociais do G20.
“Enquanto o Rio de Janeiro sedia algumas das principais lideranças políticas e econômicas do mundo, a Flup une as periferias do Brasil ao diálogo global sobre raça e cultura”, destaca Ludemir.
Entre os destaques do evento está a mesa “Mulheres Transatlânticas”, que aconteceu na segunda-feira (11), às 20h. Com a presença de mulheres de diferentes países, essa mesa reúne figuras como a socióloga nigeriana Oyeronke Oyewumi, a escritora holandesa Gloria Daisy Wekker e a fotógrafa franco-senegalesa Mame Fatou Niang, todas defensoras do feminismo negro e atentas à necessidade de discutir o legado colonial que ainda afeta as mulheres negras ao redor do mundo.
Na terça-feira (12), às 13h, a mesa “Quilombo Acadêmico: Histórias de Mulheres Afrodiaspóricas – Escritoras e Escrevivências” terá a participação da escritora colombiana Maricel Lopes, além das educadoras Renata Falleti, Ádria Cerqueira e Jhenifer dos Santos e das historiadoras Iraneide Silva e Marley Silva. Juntas, elas abordarão as vivências de mulheres afrodescendentes na academia e a importância da literatura como ferramenta de resistência.
Outro ponto alto será a mesa “Tão inseridas/Tão excluídas”, que ocorrerá na quarta-feira (13), às 19h50, e contará com as renomadas escritoras Conceição Evaristo, do Brasil, e Bernardine Evaristo, do Reino Unido. Na quinta-feira (14), o evento apresentará a mesa “No Conforto da Minha Concha”, com as brasileiras Eliana Alves Cruz e Luciany Aparecida e a francesa Marie NDiaye, em um debate sobre a literatura feminina e seus espaços de expressão.
A programação de sexta-feira (15) traz um formato inovador: o podcast Angu de Grilo será gravado ao vivo às 18h, com a participação das jornalistas Bela Reis e Flavia Oliveira. Mãe e filha, elas entrevistarão a escritora e ativista Sueli Carneiro e sua filha, a artista de performance Luanda Carneiro, em uma conversa sobre legado, militância e cultura negra.
No sábado (16), às 20h30, a mesa “Notícias Poéticas entre Brasil e Angola” reunirá o cantor e compositor brasileiro Tiganá Santana, a poeta Leda Maria Martins e o músico e escritor angolano Kalaf Epalanga, para celebrar e refletir sobre as conexões entre Brasil e África na literatura e na música.
No encerramento, no domingo (17), às 16h, a mesa “Se eu não contasse a minha história, ninguém o faria por mim” terá a presença da historiadora e pesquisadora francesa Olivette Otele e da escritora malinesa Aminata Traoré. Ambas são reconhecidas pela luta contra a globalização que desconsidera as raízes culturais e históricas de populações africanas e afrodescendentes, e debaterão a importância de cada pessoa contar a própria história.
Paralelamente à Flup, ocorrerá o Ciclo de Debates Aquilombamentos, uma série de encontros que reunirá lideranças de comunidades e representantes de movimentos sociais ligados a questões raciais, étnicas, de gênero e ambientais. Com o objetivo de promover debates sobre as realidades das periferias brasileiras e internacionais, esses encontros buscam fortalecer o diálogo e a resistência das comunidades menos favorecidas no cenário global, abordando temas que também serão discutidos no G20 Social.
A Festa Literária das Periferias foi reconhecida em 2023 como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. A programação é gratuita e aberta a todas as idades, oferecendo uma oportunidade única de contato com uma ampla diversidade de vozes literárias, culturais e políticas.
Com patrocínio do Instituto Cultural Vale e da Globo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e com apoio da Fundação Ford, a Flup é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Shell. O Grupo CCR oferece o transporte oficial do evento, atuando nas áreas do VLT Carioca e da CCR Barcas, facilitando o acesso dos participantes aos encontros.
Fonte: Agência Brasil