O Festival Marco Zero, evento que celebra a dança em paisagem urbana, começou neste sábado (6) e segue até o próximo sábado (13), transformando os enormes gramados do Distrito Federal e locais icônicos como a Torre de TV, a Rodoviária do Plano Piloto e o metrô em palcos vibrantes. Com 16 intervenções artísticas e duas oficinas, o Festival Marco Zero conta com a participação de artistas brasileiros e angolanos, destacando a forte presença indígena e negra. As apresentações são gratuitas e convidam o público a explorar as diversas possibilidades do corpo que dança pela cidade, ocupando centros culturais e comerciais em Taguatinga, Ceilândia, Núcleo Bandeirante e Plano Piloto.
A abertura do Festival Marco Zero ocorreu no gramado da 216 norte, ao som dos maracás, dos passos de toré e das rezas, conectando a natureza e a cidade. A artista indígena Idiane Crudzá, do Povo Kariri – Xocó, de Alagoas, apresentou “Toda Cidade Já Foi Floresta”. Este início marcante simboliza a fusão do cotidiano com manifestações extraordinárias, uma característica central do festival. Marcelle Lago, dançarina, idealizadora e coordenadora do Festival Marco Zero, explica: “A rua representa a fusão do mundo ordinário, cotidiano, corriqueiro e das manifestações extraordinárias, imponderáveis. Escolher agir nesse espaço de resistência, eminentemente feito de memórias, de fluxos e presenças distintas, é o fio condutor do Festival Marco Zero desde sua criação há quase 20 anos.”
Com recursos do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, a edição deste ano do Festival Marco Zero traz talentos como a atriz e performer mineira Idylla Silmarovi e a artista mato-grossense Kiga Bóe, indígena do povo Bóe Bororo, da aldeia Meruri. A Companhia Dual, de São Paulo, também faz parte da programação e apresenta na Torre de TV o espetáculo “Duo para 2 Perdidos”, uma releitura do texto teatral “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, de Plínio Marcos. De Pernambuco, o festival recebe a artista Rebeca Gondim, que apresentará “Revinda” na sexta-feira (12), no Mimo Bar (SQN 205). A dança de Rebeca expressa as histórias do povo preto periférico, com movimentos que evocam brincadeiras populares, improviso dos mestres de cerimônia e as esquivas do frevo. Também de Pernambuco, Gabi Holanda e a Plataforma Beira encenam “À Beira”, que aborda as angústias e esperanças de quem vive às margens dos rios e mangues, ameaçados pela especulação imobiliária. O projeto Seio Sonoro, de Brasília, é outra atração do Festival Marco Zero, com uma apresentação marcada para o Metrô Galeria. Concebido por um coletivo de mulheres da dança e da música, o projeto apresenta “Ser Uma”, um duo com música autoral de mulheres da cidade.
O festival conta com uma apresentação internacional do grupo angolano Idaebteam, que traz “Tatu Panji Angola”. A intervenção narra a história e os caminhos de três irmãos dançarinos, conduzindo o público por um misto de emoções e apresentando um registro vibrante da cultura angolana. Vandro Poster, Geo e Didi BB exploram suas características únicas na arte da dança, enriquecendo a programação com uma perspectiva internacional.
A programação do Festival Marco Zero inclui também o coletivo Debonde (RJ), a Cia. Corpus Entre Mundos (DF), o artista Kaled Hassan (DF), o dançarino Guel Soares (DF), a atriz e performer Maria Eugênia Félix (DF) e o dançarino Iago Gabriel (DF). Essas apresentações diversificadas garantem uma semana rica em expressões artísticas, celebrando a diversidade cultural e a resistência através da dança.
O Festival Marco Zero é um espaço de resistência cultural e celebração da diversidade. Ao trazer artistas de diferentes regiões e origens, o evento não apenas enriquece o cenário cultural de Brasília, mas também oferece ao público a oportunidade de refletir sobre a importância da ocupação dos espaços públicos com arte e cultura. As apresentações gratuitas democratizam o acesso à cultura, permitindo que todos possam experimentar e se inspirar nas múltiplas formas de expressão artística. Com quase 20 anos de existência, o Festival Marco Zero continua a ser uma referência na promoção da dança urbana e na valorização das memórias, fluxos e presenças distintas que compõem a paisagem cultural brasileira.
Fonte: Agência Brasil