Hugo Calderano
“É uma sensação incrível ganhar esse título”, declarou Calderano logo após a partida, em entrevista à Federação Internacional de Tênis de Mesa. “Comecei não muito confortável, perdi o primeiro set, mas consegui fazer ajustes táticos e estava muito preparado mentalmente quando a chance apareceu. Estou muito orgulhoso de representar tão bem o Brasil e trazer um título desse tamanho para o nosso país”, comemorou.
A trajetória de Calderano na competição foi marcada por superações e confrontos de alto nível. Antes da final, ele já havia superado outros dois gigantes do tênis de mesa: o chinês Wang Chuqin, número 2 do mundo, e o japonês Tomokazu Harimoto, terceiro colocado no ranking mundial.
O feito do brasileiro ganha ainda mais destaque diante do domínio histórico da China no esporte. Desde 2017, quando o alemão Dimitrij Ovtcharov venceu, nenhum outro atleta fora do país asiático havia conquistado o título. A vitória de Calderano quebra essa hegemonia e inscreve o Brasil em um dos capítulos mais importantes da modalidade.
O título veio após um ciclo difícil. Nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, Calderano chegou às semifinais, mas ficou fora do pódio ao perder para o sueco Truls Möregårdh e, posteriormente, para o francês Felix Lebrun na disputa pelo bronze. Ainda assim, foi a melhor campanha de um atleta das Américas na história olímpica do tênis de mesa.
“Eu nunca poderia imaginar conquistar um título dessa magnitude hoje”, contou Calderano. “Não comecei esse torneio na minha melhor forma, mas consegui crescer ao longo da competição. Fiz um jogo incrível na final contra o número 1 do mundo, que tem vencido a maioria dos títulos recentes e está jogando em altíssimo nível. Consegui dominar o jogo em quase todos os aspectos”, completou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou as redes sociais para homenagear o atleta. “Desempenho incrível do atleta top 5 do mundo”, escreveu Lula. “Num torneio com 48 dos melhores competidores internacionais, o brasileiro levou pela primeira vez um jogador das Américas à decisão e ao título.”
O apoio institucional também foi lembrado. Hugo Calderano é beneficiado há quase 15 anos pelo programa Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte. Criado em 2005, o programa patrocina esportistas de alto rendimento, garantindo recursos financeiros para que possam se dedicar integralmente a treinamentos e competições, nacionais e internacionais.
Com a conquista, Calderano sobe da quinta para a quarta colocação no ranking mundial e amplia sua galeria de troféus. São agora 25 títulos em torneios internacionais, incluindo três medalhas de ouro individuais em Jogos Pan-Americanos e a inédita presença entre os quatro melhores do mundo em uma Olimpíada.
O tênis de mesa brasileiro, tradicionalmente à sombra de potências asiáticas e europeias, vê no feito de Calderano um novo marco. Sua vitória inspira jovens atletas e reforça a importância de investimentos constantes em esporte de base e de alto rendimento.
A projeção internacional do atleta também é resultado de uma trajetória construída com disciplina, resiliência e apoio público. Desde cedo, Calderano buscou aperfeiçoamento fora do país, treinando na Europa e enfrentando os melhores do mundo com frequência. O apoio do Bolsa Atleta, aliado à dedicação pessoal, permitiu que ele alcançasse o topo do pódio mundial.
A conquista em Macau mostra que o tênis de mesa brasileiro tem potencial para competir em igualdade com as maiores potências globais. Mais do que uma medalha, o feito representa a quebra de barreiras históricas e culturais em um esporte amplamente dominado por asiáticos há décadas.
Com o título mundial, Hugo Calderano consolida sua posição como o maior nome da história do tênis de mesa nas Américas e um dos principais atletas brasileiros da atualidade, provando que com planejamento, investimento e perseverança, o Brasil pode, sim, vencer no cenário esportivo internacional.
Fonte: Agência Brasil