A Indonésia é a mais nova integrante do Brics, o bloco que reúne algumas das principais economias emergentes do mundo. Com a adesão oficializada nesta semana, o país-arquipélago, composto por mais de 17 mil ilhas e com uma população de quase 280 milhões de habitantes, se junta ao grupo, que tem buscado reforçar a cooperação entre as potências do Sul Global.
A economia indonésia, atualmente a oitava maior do mundo em paridade de poder de compra (PPC), vem se destacando por sua estabilidade e pelo crescimento médio anual do PIB de 5,1% nos últimos anos. A entrada no Brics marca um passo importante para fortalecer a posição do país como uma potência regional e ampliar sua relevância nas discussões globais.
Especialistas consideram que a inclusão da Indonésia reforça o papel do Brics como um bloco de potências regionais que não desejam alinhar-se exclusivamente às grandes potências ocidentais, mas que também não adotam posturas antiocidentais. Segundo a professora Ana Elisa Saggioro Garcia, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a adesão reflete a visão de um Brics mais reformista e com menos tensões geopolíticas.
“A Indonésia soma positivamente a um Brics que busca um equilíbrio entre cooperação e autonomia, sem o peso político controverso de outras nações recentemente incluídas, como o Irã”, afirmou Ana Elisa.
O economista Igor Lucena, doutor em relações internacionais, destacou que o posicionamento estratégico da Indonésia, que mantém relações comerciais robustas com nações como Estados Unidos, Japão e China, coloca o país em uma posição semelhante à do Brasil. “Essa postura neutra ajuda a evitar conflitos desnecessários e contribui para o crescimento econômico sustentável”, explicou.
O governo indonésio ressaltou, em nota oficial, que o Brics é uma plataforma essencial para fortalecer a cooperação Sul-Sul, garantindo maior representatividade dos países emergentes nas tomadas de decisão globais. O Brasil teve um papel ativo no processo de adesão do novo membro, reforçando os laços entre as duas nações.
Com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 1,37 trilhão em 2023 e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,713, a Indonésia apresenta uma economia diversificada, com forte presença no setor industrial. Mais de 40% do PIB é gerado por setores como calçados, aço, automóveis e peças, destacando-se também pelo mercado de consumo crescente e pela produção agrícola.
O comércio bilateral com o Brasil reflete essa complementaridade. Em 2023, o Brasil exportou US$ 4,1 bilhões para a Indonésia, com destaque para produtos agropecuários como farelo de soja, carne bovina, açúcar e algodão. A Indonésia, por sua vez, representa uma oportunidade estratégica para o Brasil ampliar sua presença no sudeste asiático, reduzindo a dependência econômica de exportações para a China.
Embora conhecida mundialmente por suas praias paradisíacas, como as da ilha de Bali, e por atrativos históricos como o templo de Borobudur, a Indonésia possui uma cultura diversificada que também atrai milhões de turistas anualmente. Festivais culturais e tradições milenares reforçam o apelo do país no cenário global.
Para Lucena, a entrada da Indonésia no Brics simboliza uma importante ponte para fortalecer a conexão entre o Ocidente e o Sudeste Asiático. “Essa adesão é estratégica não apenas do ponto de vista econômico, mas também cultural e político, oferecendo ao Brasil e a outros países do bloco novas possibilidades de cooperação e expansão de mercados”, concluiu.
A Indonésia se junta ao Brics em meio a uma onda de expansão liderada pelo Brasil, que preside o bloco este ano. Outras nações, como Cuba, Bolívia, Malásia e Tailândia, também estão em processo de adesão. Desde 2024, o grupo incorporou membros como Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Arábia Saudita, consolidando-se como um dos blocos mais relevantes no cenário global.
A expectativa é de que essa ampliação impulsione ainda mais o protagonismo do Brics em temas como desenvolvimento sustentável, segurança alimentar e inovação tecnológica, criando um contrapeso às economias desenvolvidas e promovendo maior equilíbrio no sistema internacional.
Fonte: Agência Brasil