Julho é um mês significativo para as celebrações antirracistas e para relembrar figuras que dedicaram suas vidas à luta contra o preconceito e a desigualdade social. A memória da professora e antropóloga mineira Lélia Gonzalez e do líder sul-africano Nelson Mandela são destacadas, ambos ícones na batalha por justiça social e igualdade. Este mês também marca aniversários de morte de importantes personalidades e celebrações culturais, reforçando a necessidade contínua de conscientização e ação contra o racismo. Falecida há 30 anos, no dia 10 de julho, Lélia Gonzalez foi uma pioneira na discussão sobre o racismo e a cultura afro-brasileira. Seus conceitos como “Améfrica” e “pretuguês” foram fundamentais para entender o papel das culturas africanas nas sociedades americanas. Gonzalez, com sua abordagem inovadora e corajosa, deixou um legado que continua a influenciar ativistas e acadêmicos até hoje. O programa Viva Maria, da Rádio Nacional, recentemente homenageou sua trajetória, destacando sua importância na luta antirracista.
O dia 3 de julho é celebrado como o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial no Brasil. Esta data remete à aprovação da Lei Afonso Arinos, a primeira lei brasileira contra o preconceito racial, estabelecida em 1951. Originalmente tratando o racismo como uma contravenção, a legislação evoluiu e atualmente prevê penas de reclusão de um a cinco anos para crimes de racismo, que são inafiançáveis e imprescritíveis. O combate à discriminação racial é um tema frequentemente abordado pelos veículos públicos da EBC, como a Rádio Nacional e o jornal Repórter Brasil, da TV Brasil. No dia 5 de julho, é comemorado o Dia Mundial da Capoeira. Esta prática cultural afro-brasileira, que combina elementos de dança, luta e música, foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A capoeira é uma manifestação de resistência e identidade, que sobreviveu à criminalização e agora recebe visibilidade internacional. Políticas de preservação cultural, como as promovidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), são fundamentais para a manutenção e valorização desse legado cultural.
O Dia Internacional de Nelson Mandela, celebrado em 18 de julho, é um chamado à paz, à luta pelos direitos humanos e contra as desigualdades sociais. Mandela, que completaria 106 anos este mês, foi o primeiro presidente negro da África do Sul e um dos principais responsáveis pelo fim do apartheid. Ele passou 27 anos preso por seu engajamento na luta contra o racismo. As Nações Unidas estabeleceram esta data em 2009 para celebrar sua contribuição à humanidade, incentivando as pessoas a dedicarem 67 minutos ao serviço comunitário, representando os 67 anos que Mandela dedicou à luta pelos direitos humanos. No dia 25 de julho, celebra-se o Dia Internacional da Mulher Afro-Latino-Americana, Afro-Caribenha e da Diáspora, criado em 1992 pela ONU. Esta data é uma homenagem à resistência das mulheres negras contra o racismo, machismo e violência. No Brasil, também é celebrado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola que, no século 18, resistiu à escravidão e liderou o Quilombo do Quariterê por duas décadas. Sua história é um símbolo de força e resistência. As celebrações e lembranças de julho são oportunidades para refletir sobre os avanços e desafios na luta antirracista. Embora haja progresso, a discriminação racial ainda é uma realidade que exige ações contínuas e eficazes. As homenagens a figuras como Lélia Gonzalez e Nelson Mandela nos lembram da importância de continuar a luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Fonte: Agência Brasil