A 28ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, realizada neste domingo (2), atraiu milhares de pessoas que começaram a chegar cedo para participar do evento. A Avenida Paulista, localizada na região central da cidade, foi tomada pela diversidade de cores e fantasias que caracterizam a parada, marcada pela criatividade e pela celebração da diversidade sexual.
A Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, como de costume, trouxe uma multidão de participantes que foram enchendo a Avenida Paulista aos poucos. As drag queens, com seus visuais elaborados, foram novamente um dos destaques do evento, junto com as fantasias que variavam desde super-heróis até inspirações na antiguidade e fetiches eróticos. Muitos também optaram por adereços simples, como coroas com as cores do arco-íris distribuídas por uma rede de fast-food.
Neste ano, no entanto, uma novidade chamou a atenção: as cores verde e amarelo também foram fortemente presentes. A organização da parada incentivou o uso das cores da bandeira nacional como uma reação ao seu uso em manifestações de extrema-direita. “É para mostrar que a bandeira do Brasil pertence a todos nós, não só a um partido político. Todo mundo tem o direito de usar nossas cores, e não vamos deixar só para um tipo específico de pessoas”, justificou a drag queen Cacau, que usava a camisa da seleção brasileira de futebol cortada na altura do peito, formando um top.
A concentração dos trios elétricos aconteceu em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Dali, com muita música e alegria, a multidão seguiu em direção à Rua da Consolação, descendo até o centro da cidade. A programação musical contou com apresentações de artistas renomados como Pabllo Vittar, Banda Uó, Gloria Groove e Filipe Catto, garantindo a animação do público.
Em uma parte mais tranquila da avenida, antes da saída dos carros de som, a autônoma Zilma Cristina Rosa aguardava o início do evento sentada em uma cadeira de praia. Junto com sua companheira, a pesquisadora Joseli Capusso, elas se prepararam com lanche e água para aproveitar a festa de forma mais confortável. “O joelho não aguenta mais, o tornozelo não aguenta mais. Agora, a gente vem de cadeirinha”, disse Zilma, que participa da manifestação por direitos da comunidade LGBT+ desde as primeiras edições.
O tema deste ano, “Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo! Vote Consciente por Direitos da População LGBT+”, trouxe à tona a preocupação com as dificuldades na tramitação de projetos de lei que garantem o pleno exercício da cidadania por toda a população. A inclusão no mercado de trabalho é uma das principais reivindicações dos participantes da parada, quase 30 anos após a primeira edição do evento em 1997. “Muitas travestis ainda têm que ser prostitutas. Não tem trabalho para elas. Homem trans enfrenta também um grande preconceito na área trabalhista”, destacou Zilma.
A transexual Thalía Vitorelli, por exemplo, enfrenta essa realidade. “No momento, estou desempregada. Antes, eu estava trabalhando de acompanhante, mas saí dessa vida. Hoje, eu tento novas chances em um país que é muito complicado, as pessoas são muito difíceis, é muito complicado arrumar serviço. Mas estou indo à luta”, afirmou a jovem de 20 anos, participando pela terceira vez da parada.
Além da luta por direitos, Thalía buscava bons momentos com os amigos na Avenida Paulista. “É uma energia maravilhosa, espero vir muitas mais vezes. Hora da gente se divertir”, disse ela, que sonha em trabalhar na área da moda.
Entre as personalidades presentes, a drag venezuelana Teresa Vaz participou pela terceira vez do evento. Com um grande leque e roupas exuberantes, Teresa contou que foi no Brasil que entendeu a conexão entre as diferentes lutas que envolvem sua existência. “Foi aqui no Brasil que eu conheci a militância contra o racismo. Eu, sendo um homem ou uma mulher negra, aqui no Brasil foi onde eu conheci, identifiquei o que é o racismo. Lá na Venezuela, talvez por estarmos no Caribe, não temos essa militância”, afirmou.
A 28ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo mostrou mais uma vez a força e a resiliência da comunidade LGBT+ na luta por seus direitos e pelo reconhecimento de sua diversidade. Com a inclusão das cores verde e amarelo, o evento reforçou a mensagem de que a bandeira do Brasil pertence a todos, sem distinção.
Fonte: Agência Brasil