Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na Roda de Samba: O maior evento de samba feminino do mundo, idealizado em 2017 pela cantora e compositora Dorina, celebra a união, o protagonismo e o afeto das mulheres na música brasileira. Este ano, a sétima edição ocorreu no sábado dia 30, no Renascença Clube, zona norte do Rio de Janeiro, com transmissão online simultânea em 32 cidades, incluindo participações internacionais como Canadá, Portugal, Uruguai e Argentina.
Aos 65 anos, Dorina explica que o samba sempre foi uma força de resistência e de conexão. “Não é apenas música; é uma filosofia de vida. Quando criamos essa roda, quis passar essa energia e criar uma corrente de afeto e segurança”, comenta. O evento contará com seis horas de programação, envolvendo 30 artistas, incluindo nomes como Ana Costa, Nina Rosa, e os grupos Herdeiras do Samba e Mulheres da Pequena África, sob direção musical de Ana Paula Cruz e Roberta Nistra.
Dorina enfatiza que o objetivo do encontro não é competir com os homens no samba, mas somar forças. “Queremos promover uma filosofia de união, lutar contra o racismo, a misoginia e a xenofobia, além de resgatar histórias que celebram o samba como ferramenta de transformação.”
Desde sua criação, o projeto cresceu exponencialmente. O que começou com 11 cidades hoje se estende por diversos locais no Brasil e no exterior. Durante o ano, as participantes realizam workshops e ensaios virtuais para garantir a harmonia no grande dia. “A força desse encontro uniu mulheres e deu visibilidade ao papel delas no samba. No Uruguai, por exemplo, conseguimos instituir o Dia das Mulheres no Samba”, relata Dorina, destacando o impacto cultural do evento.
Nesta edição, Clementina de Jesus será homenageada in memoriam, representada por sua neta Vera de Jesus, enquanto Áurea Martins será celebrada em vida. “Minha avó foi uma visionária, desbravando espaços femininos no samba em uma época dominada por homens. Essa homenagem é um reconhecimento do legado dela,” destaca Vera.
Áurea Martins, por sua vez, reflete sobre a importância da celebração: “Essa homenagem é um presente, um reconhecimento que fortalece nossa trajetória e nos conecta com gerações futuras.”
O evento também promove a preservação da memória cultural do samba. Vera, que integra o grupo Matriarcas do Samba ao lado de Nilcemar Nogueira e Selma Candeia, ressalta a importância de transmitir esse legado às próximas gerações. “Nosso projeto é mostrar o trabalho de Clementina, Cartola e Candeia. É um orgulho levar essa história adiante.”
Além disso, iniciativas como o projeto Samba Miudinho aproximam o samba das escolas públicas, ensinando a história e a música para crianças. No Museu do Samba, localizado na Mangueira, o legado continua vivo.
Dorina reforça a importância de homenagear artistas enquanto ainda estão presentes. “O samba nos ensina a valorizar as flores em vida. Queremos celebrar essas mulheres que continuam a inspirar tantas outras.”
Áurea Martins concorda, destacando como o samba sempre atraiu atenção pela sua autenticidade. “Na década de 70, levei o partido-alto de Xangô e outros para a elite da zona sul, mostrando a força do samba em espaços onde predominavam outros estilos. Hoje, é incrível ver esse movimento feminino crescer.”
Com uma programação rica em história, música e ancestralidade, o Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na Roda de Samba reafirma o protagonismo das mulheres no samba e na cultura brasileira, promovendo união, resistência e celebração do legado feminino.
Fonte: Agência Brasil