A Refinaria Abreu e Lima, unidade da Petrobras em Ipojuca (PE), finaliza os ajustes para iniciar, em dezembro, a operação da sua nova unidade Snox, destinada à redução de emissões poluentes e transformação de gases como óxido de enxofre (SOx) e óxido de nitrogênio (NOx) em ácido sulfúrico. Essa tecnologia inovadora posicionará a refinaria como a primeira nas Américas e a terceira no mundo com essa capacidade, unindo sustentabilidade e viabilidade comercial.
Localizada a cerca de 30 minutos do Porto de Suape e a 14 quilômetros de Porto de Galinhas, a Abreu e Lima impactará positivamente o meio ambiente e a comunidade, com a eliminação de 99% das emissões de SOx e 95% de NOx. “Nossa responsabilidade socioambiental é imensa, especialmente em uma região privilegiada como essa”, comenta Márcio Maia, gerente-geral da refinaria.
Além da melhoria ambiental, a Snox trará benefícios econômicos, com produção de ácido sulfúrico já comercializada para o grupo Bauminas, destinado ao tratamento de água, em um contrato de 10 anos. Esse acordo representa uma contribuição significativa ao meio ambiente, pois terá capacidade para tratar água para até 30 milhões de pessoas. Outro ganho é o aumento da capacidade de refino, que permitirá a produção de diesel S-10, combustível com teor reduzido de enxofre, o que favorece a eficiência energética e reduz impactos ambientais.
Rodrigo Avelino, gerente de projeto na Abreu e Lima, destaca que a Snox é o “estado da arte” em tratamento de gases, sendo a terceira no mundo, atrás apenas de unidades na Itália e na Áustria. Essa inovação é um diferencial da refinaria, construída em 2014, em comparação com outras no Brasil que operam desde 1980 e não possuem tecnologia semelhante.
Com a Snox, a Petrobras cumpre exigências ambientais que permitirão elevar a capacidade de produção da refinaria, de 100 mil para 115 mil barris de petróleo diários, seguindo orientações do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Essa ampliação será acompanhada pela produção de vapor, utilizado nas instalações da própria refinaria e reduzindo o consumo de gás natural.
Com custo estimado em R$ 520 milhões, a construção da Snox gerou empregos e representa um marco na retomada de investimentos após paralisações causadas pela Operação Lava Jato. Após anos de dificuldades, a Petrobras reviu sua estratégia para Abreu e Lima e hoje se compromete com o desenvolvimento dessa unidade.
Em termos de arrecadação, a refinaria contribui com 6,1% do ICMS de Pernambuco e paga R$ 50 milhões em ISS ao município de Ipojuca. Sua operação envolve mais de 5,3 mil trabalhadores, com alto nível de automação que permite controle remoto de sistemas.
A refinaria passará ainda por um processo de “revamp”, modernizando equipamentos para expandir a produção a um custo competitivo, segundo Bruno Daguano, coordenador da área de projetos da refinaria. Essa expansão será responsável por elevar a capacidade para 130 mil barris diários até 2025, uma ampliação estratégica e rentável para a Petrobras.
Produzindo diesel com ultrabaixo teor de enxofre (10 ppm), a Abreu e Lima responde por 6,5% do refino da Petrobras e ocupa a segunda posição no país na produção de diesel S-10. Em 2023, a refinaria pernambucana produziu 2,8 bilhões de litros do combustível, abastecendo 10% da demanda nacional. Com o plano da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para descontinuar o diesel S-500 e impulsionar o consumo do S-10, a demanda por esse combustível menos poluente deverá crescer, favorecendo ainda mais a produção da refinaria.
A refinaria está estrategicamente conectada ao Porto de Suape, onde escoa diesel suficiente para abastecer todo o Nordeste e parte do restante do país. A ligação com o porto é feita por 12 linhas de dutos, o que facilita o abastecimento de várias distribuidoras, além de favorecer o transporte rodoviário para regiões mais distantes. Isso contribui para a diminuição da dependência de diesel importado e reforça a segurança energética do país.
Em linha com as demandas de energia limpa, a refinaria planeja iniciar a produção de diesel renovável, composto por óleos vegetais que podem representar entre 5% e 10% do combustível final. Outro projeto inovador é a instalação de uma usina de energia solar com capacidade de 12 megawatts, que irá suprir cerca de 7% do consumo energético da unidade, promovendo um uso mais sustentável da energia.
A perspectiva é que a refinaria chegue a processar 260 mil barris de petróleo por dia, adicionando ao mercado cerca de 13 milhões de litros de diesel, o suficiente para abastecer 10,5 milhões de caminhões por ano. Essa expansão ajudará a reduzir a dependência de diesel importado, fortalecendo a balança comercial e a autonomia energética do Brasil. “Somos uma refinaria pensada para reduzir a necessidade de importação”, afirma o gerente-geral Márcio Maia.
Fonte: Agência Brasil