O Jovens Defensores Populares, novo projeto de capacitação lançado pelo governo federal, promete formar mil jovens em diversas regiões do país para atuar diretamente na defesa e promoção dos direitos humanos. A ação, que visa principalmente jovens de favelas, periferias, comunidades tradicionais e famílias de baixa renda, está sendo implementada em seis estados brasileiros: Pará, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Secretaria Nacional da Juventude (SNJ) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O primeiro módulo do programa foi oficialmente iniciado nesta sexta-feira (11), em evento realizado no campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
O projeto não apenas oferece formação teórica e prática em direitos humanos e políticas públicas, como também prevê uma atuação direta dos participantes em seus territórios de origem. Para isso, cada jovem selecionado receberá uma bolsa mensal de R$ 500, garantindo apoio financeiro para que possam se dedicar aos estudos e à atuação social.
Segundo o Ministério da Justiça, a intenção é criar uma nova geração de lideranças comunitárias, capazes de identificar, denunciar e combater violações de direitos em suas regiões. A atuação dos jovens ocorrerá por meio de pesquisas, diagnósticos participativos e ações diretas, promovendo engajamento social e mobilização popular.
“O projeto busca fortalecer o protagonismo juvenil nas periferias e em regiões historicamente marginalizadas, promovendo uma juventude mais consciente, crítica e atuante na construção de uma sociedade mais justa”, afirmou em nota a SNJ.
A iniciativa surge em um momento crucial, em que o país enfrenta desafios crescentes relacionados à violação de direitos nas comunidades, à falta de acesso a políticas públicas básicas e à criminalização da juventude negra e periférica. A proposta, portanto, é não apenas formar os jovens para atuarem como defensores populares, mas também como multiplicadores de conhecimento dentro de suas comunidades.
A estrutura do curso inclui três eixos fundamentais:
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Formação teórica sobre os direitos humanos, cidadania e o funcionamento das políticas públicas brasileiras;
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Pesquisas e diagnósticos locais, nos quais os participantes deverão mapear situações de violação de direitos e demandas sociais nos territórios onde vivem;
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Atuação prática, com projetos de intervenção comunitária, mobilizações e articulações com órgãos públicos e coletivos locais.
Durante o lançamento na Uerj, representantes do governo federal e da Fiocruz ressaltaram o papel estratégico da juventude como agente transformador da realidade social brasileira. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, afirmou que a proposta está alinhada com a missão institucional da fundação de promover saúde, equidade e cidadania.
“É fundamental que os jovens tenham acesso à formação que os capacite a compreender seus direitos e a lutar por eles com conhecimento e estratégia. É por meio desse tipo de investimento que conseguimos enfrentar desigualdades históricas e construir um futuro mais inclusivo”, declarou Trindade.
A seleção dos participantes será feita por meio de parcerias com organizações sociais, coletivos juvenis e universidades, priorizando jovens de 18 a 29 anos que já tenham algum tipo de engajamento comunitário. As atividades de formação devem ocorrer ao longo dos próximos meses, com previsão de conclusão em 2025.
Além da formação técnica e teórica, os jovens receberão acompanhamento pedagógico e psicológico, garantindo que tenham suporte durante toda a jornada do programa. O governo também pretende avaliar o impacto do projeto ao final de sua primeira edição, com a intenção de ampliá-lo para mais estados em etapas futuras.
Com essa proposta, o governo federal sinaliza um novo momento de valorização da juventude periférica como potência política e social, reconhecendo seu papel central na luta por direitos e no enfrentamento das desigualdades. Ao apostar em educação, empoderamento e ação cidadã, o programa Jovens Defensores Populares se coloca como um marco no fortalecimento da democracia participativa no Brasil.
Fonte: Agência Brasil