A educação ambiental está no centro das atividades realizadas pelo Projeto Guapiaçu, que atua no Parque Estadual dos Três Picos, região serrana do Rio de Janeiro. Com iniciativas que envolvem estudantes de escolas públicas e a comunidade local, o projeto busca sensibilizar a população sobre a importância de preservar os recursos naturais. A educadora ambiental Ríllary Lemos exemplifica a abordagem prática ao realizar testes simples para avaliar a qualidade da água, chamando a atenção para a conservação de córregos e rios.
Durante uma atividade no Parque dos Três Picos, Ríllary demonstrou como identificar a presença de detergentes, medir o nível de oxigênio dissolvido e verificar o pH da água. “O objetivo principal é sensibilizar os participantes para observarem os rios de forma crítica, analisando questões como a ausência de mata ciliar, que agrava os impactos de enchentes”, explica. Os episódios de chuvas intensas na região no início do ano destacaram a necessidade de proteção ambiental para mitigar desastres.
O Projeto Guapiaçu, uma parceria entre a Ação Socioambiental (ASA) e a Petrobras, vai além do reflorestamento. Ele promove a educação ambiental como ferramenta de conscientização, incentivando a população a se conectar com o meio ambiente. Para Maria Alice Domingos Picoli, gestora do Parque Três Picos, o envolvimento comunitário é crucial: “Acreditamos que o sentimento de pertencimento motiva as pessoas a cuidarem do ambiente”.
O Parque Estadual dos Três Picos, o maior do estado do Rio de Janeiro, é um dos principais pontos de atuação do projeto. Com 60% de suas águas e dois terços das florestas localizadas em Cachoeiras de Macacu, o parque desempenha um papel vital na preservação do bioma da Mata Atlântica, o mais ameaçado do Brasil, com 71,6% de sua área desmatada, segundo o Inpe.
A bacia hidrográfica Guapi-Macacu, que abastece cerca de dois milhões de pessoas em municípios próximos, é destaque na atuação do projeto. A educadora ambiental aponta que a recuperação da vegetação na região contribui para a proteção das margens dos rios e para a melhoria da qualidade da água, essenciais para a sustentabilidade hídrica.
Além do trabalho educativo no parque, o projeto também transforma áreas de lazer, como a Prainha do rio Guapiaçu, que passou de um pasto degradado para uma paisagem arborizada e atrativa. A visitante Angelita Ferraz, que retornou ao local após 26 anos, emocionou-se com as mudanças: “É gratificante ver tudo isso. A natureza restaurada traz uma sensação indescritível”.
A partir de 2025, a educação ambiental será integrada ao currículo escolar em todo o Brasil, conforme estabelece a Lei 14.926/2024. A legislação inclui ações para estimular estudantes a participarem de iniciativas de prevenção às mudanças climáticas e a outros riscos socioambientais. Essa diretriz amplia a importância de projetos como o Guapiaçu, que já atua diretamente em escolas e comunidades, criando conexões entre as pessoas e o meio ambiente.
Para Maria Alice Picoli, a integração de esforços entre comunidade, instituições e governo é essencial: “Não podemos agir de forma isolada. A preservação requer colaboração, e o projeto é um exemplo de como isso pode ser feito de forma efetiva”.
Fonte: Agência Brasil