Em uma decisão que promete reacender o debate sobre políticas de inclusão e acesso ao ensino superior no Brasil, a Justiça Federal da 1ª Região suspendeu os efeitos da bonificação de 20% nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para candidatos oriundos do estado do Amazonas. A medida foi instaurada pela Fundação Universidade do Amazonas (UFAM) através da Resolução 044/2015 do CONSEPE/UFAM e da Portaria 1589/2023, visando equilibrar as chances de acesso dos estudantes locais ao ensino superior.
A ação popular, movida por Caio Augustus Camargos Ferreira, desafiou a legalidade dessas normativas, argumentando que elas contrariam o princípio constitucional da igualdade, ao criar uma vantagem específica para estudantes de uma determinada região geográfica. O juiz federal substituto, Lincoln Rossi da Silva Viguini, concordou com os argumentos apresentados, concedendo uma medida liminar que suspende a bonificação enquanto o caso é julgado.
A decisão destacou divergências de interpretação sobre a constitucionalidade da medida, tanto em instâncias judiciais quanto no âmbito do Ministério Público Federal, evidenciando a complexidade e a sensibilidade da questão. Além disso, o magistrado propôs a instauração de um Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, visando uniformizar o entendimento sobre a matéria e garantir a segurança jurídica.
Essa medida judicial chama atenção para os desafios enfrentados na busca por um equilíbrio entre a garantia de acesso igualitário ao ensino superior e a necessidade de políticas que considerem as desigualdades regionais no Brasil. A suspensão temporária da bonificação pela UFAM abre um precedente importante para a reavaliação de critérios de seleção universitária, podendo influenciar outras instituições e políticas públicas na área da educação.
O caso segue em aberto, com a comunidade acadêmica e jurídica aguardando os desdobramentos do pedido de IRDR e a decisão final sobre a constitucionalidade da bonificação regional. O resultado pode definir novos rumos para as políticas de inclusão e acesso ao ensino superior em todo o país, marcando um momento significativo na luta pela igualdade de oportunidades educacionais.