A Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro anunciou a contratação emergencial do laboratório Blessing para assumir a prestação de serviços em 11 unidades de saúde da rede estadual, após o envolvimento do antigo prestador PCS Lab Saleme em um escândalo relacionado a transplantes de órgãos infectados com HIV. A substituição visa garantir a continuidade dos serviços laboratoriais com segurança e qualidade, tendo em vista as graves implicações do caso descoberto no último dia 11 de outubro, que resultou na infecção de seis pacientes.
O novo contrato firmado com o laboratório Blessing tem o valor de R$ 11,325 milhões e atende à necessidade de manter os serviços sem interrupção. Segundo a Secretaria de Saúde, o laboratório Hemorio, referência em exames de sangue no estado, seguirá responsável pela análise dos doadores de órgãos, reforçando o protocolo de segurança para evitar novos incidentes.
Em uma decisão tomada nesta sexta-feira (1º), o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) determinou a suspensão de qualquer pagamento ao laboratório PCS Lab Saleme, que teve seu contrato com a Fundação Saúde suspenso em 12 de setembro. De acordo com o TCE-RJ, mesmo após a suspensão, entre 18 de setembro e 1º de outubro, quatro pagamentos foram autorizados à empresa, somando R$ 1,2 milhão. A medida visa evitar que novos recursos sejam direcionados à empresa até que as investigações sejam concluídas.
A Fundação Saúde, que coordena o contrato entre a Secretaria de Saúde e o PCS Lab Saleme, também foi orientada pelo TCE-RJ a não prorrogar o contrato com o laboratório envolvido no caso. A secretaria deverá enviar ao tribunal os contratos específicos para os exames laboratoriais que culminaram nas infecções dos pacientes, além das justificativas técnicas que embasaram a terceirização desses serviços.
O TCE-RJ determinou à Secretaria de Estado da Saúde que detalhe as motivações técnicas por trás da terceirização dos serviços laboratoriais, uma vez que a terceirização do PCS Lab Saleme teve consequências graves para a saúde pública. A secretaria deverá, ainda, informar as condições atuais dos serviços antes realizados pela antiga prestadora e esclarecer os contratos que permitiram a realização de exames com problemas.
Esses esclarecimentos são importantes, segundo o TCE-RJ, para garantir que haja transparência nas decisões relacionadas à saúde pública e assegurar a prestação de serviços laboratoriais dentro de protocolos seguros. Além disso, o tribunal requisitou planilhas detalhadas com os pagamentos já realizados e pendentes em relação ao PCS Lab Saleme, com o objetivo de assegurar que não haja repasses indevidos à empresa.
Com a contratação do Blessing, o governo do estado do Rio de Janeiro reforça seu compromisso com a segurança dos pacientes e a transparência nos processos de prestação de serviços essenciais. A Secretaria de Saúde informou que o contrato com o laboratório substituto foi firmado em caráter emergencial, garantindo que as unidades de saúde atendidas continuem com os serviços laboratoriais sem interrupção.
O Hemorio continuará desempenhando papel crucial, especialmente em exames de sangue de doadores, buscando evitar a repetição de falhas que resultaram em transplantes com órgãos contaminados. Além disso, o Ministério da Saúde deverá acompanhar as operações para assegurar a qualidade dos serviços e a proteção dos pacientes.
A infecção de pacientes durante transplantes de órgãos é um evento raro e de extrema gravidade, com impacto direto na confiança dos cidadãos no sistema de saúde. O caso levanta a necessidade de revisão e aprimoramento dos protocolos de segurança, especialmente em processos de terceirização de serviços essenciais. O acompanhamento das investigações e o resultado das auditorias realizadas pelo TCE-RJ poderão gerar diretrizes adicionais para a contratação de serviços no setor público, ampliando o controle e a transparência.
A substituição do laboratório PCS Lab Saleme representa uma medida imediata para mitigar os riscos associados, mas também coloca em destaque o desafio das gestões estaduais em manter altos padrões de segurança e atendimento. A partir dessas ações, espera-se que o governo intensifique as medidas de controle sobre contratos de saúde, promovendo um ambiente seguro para pacientes que necessitam de serviços tão críticos como os de transplantes de órgãos.
Fonte: Agência Brasil