A Semana Nacional de Prevenção da Violência na Primeira Infância começou no sábado dia 12 e segue até sexta-feira (18), promovendo uma importante reflexão sobre o papel de toda a sociedade na proteção das crianças contra diversos tipos de violência, como abuso, maus-tratos e negligência. Este evento anual, instituído pela Lei 11.523/2007, é realizado no mês de outubro e visa conscientizar a população sobre a relevância da primeira infância, período que vai da gestação até os seis anos de vida, na formação de indivíduos voltados para a convivência social e a cultura da paz.
A primeira infância é um período crucial no desenvolvimento humano. É nessa fase que o cérebro e o sistema nervoso central passam por um rápido e intenso processo de formação de conexões neurais. Essas experiências iniciais são determinantes para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, cognitivas e físicas que acompanharão o indivíduo ao longo de sua vida. Portanto, as vivências dessa fase influenciam diretamente na saúde mental e física da pessoa, o que torna fundamental a atuação da sociedade para garantir que essas crianças sejam protegidas contra situações de violência.
Em 2024, o Ministério da Saúde reforça o compromisso com a proteção da primeira infância, por meio de uma série de ações no Sistema Único de Saúde (SUS). Essas atividades estão voltadas para a capacitação dos profissionais de saúde em identificar sinais e sintomas que possam indicar que uma criança está sendo vítima de violência. A iniciativa destaca a importância da detecção precoce para evitar que os danos causados por essas agressões se agravem.
Entre os principais sinais de alerta que os profissionais devem estar atentos durante os atendimentos estão: choros e irritabilidade sem causa aparente, olhar apático ou tristeza constante, atraso no desenvolvimento, regressão em fases já atingidas e dificuldades de amamentação, como recusa alimentar e distúrbios alimentares. Outros sintomas que podem indicar a presença de maus-tratos incluem distúrbios do sono, lesões frequentes sem explicação aparente, dificuldades de socialização e tendência ao isolamento.
Em relação a reações emocionais, o medo ou ansiedade ligados a determinadas pessoas, objetos ou situações podem ser indícios de que a criança está passando por algum tipo de violência. Estes sintomas não devem ser ignorados, pois o impacto da violência na primeira infância pode deixar sequelas profundas e duradouras no desenvolvimento.
A coordenadora-geral de Atenção à Saúde das Crianças, Adolescentes e Jovens do Ministério da Saúde, Sonia Venancio, reforça que os maus-tratos causam prejuízos significativos ao desenvolvimento infantil. Segundo ela, as crianças aprendem a partir do comportamento dos adultos e, portanto, estão sujeitas aos impactos diretos de experiências de violência em seus lares ou em outros ambientes.
“Na primeiríssima infância, que vai até os três anos de idade, o cuidado deve ser ainda mais rigoroso. Nessa fase, as crianças ainda não têm a capacidade de expressar o que sentem ou de interpretar as agressões que sofrem, o que dificulta a identificação dos abusos. Quanto mais cedo a violência começar e quanto mais tempo a criança for exposta a ela, mais graves serão os danos”, explica Sonia Venancio.
O Ministério da Saúde também ressalta que, além dos profissionais de saúde, todos os membros da sociedade têm um papel essencial na proteção das crianças. Denunciar casos de violência é um dever coletivo, e a prevenção começa com a conscientização da importância dos primeiros anos de vida para o desenvolvimento saudável de um indivíduo.
A Semana Nacional de Prevenção da Violência na Primeira Infância, que ocorre anualmente de 12 a 18 de outubro, traz à tona a necessidade de uma mobilização social para garantir que as crianças possam crescer em ambientes seguros e amorosos. Este esforço coletivo não apenas preserva o bem-estar físico e emocional das crianças, mas também contribui para a formação de cidadãos que valorizam a convivência pacífica e o respeito mútuo.
As ações da semana incluem, além da capacitação dos profissionais do SUS, campanhas de conscientização em escolas, comunidades e meios de comunicação, destacando a importância de uma infância protegida e livre de violência. O foco é educar pais, responsáveis e a sociedade como um todo sobre os impactos negativos da negligência e dos maus-tratos, além de oferecer informações sobre como identificar e denunciar situações de violência infantil.
A primeira infância é, sem dúvida, um período que define grande parte do desenvolvimento de uma pessoa. Protegê-la é responsabilidade de todos, e a Semana Nacional de Prevenção da Violência na Primeira Infância oferece uma oportunidade importante para reforçar essa consciência e fortalecer a rede de apoio às crianças, garantindo que cada uma delas tenha a chance de crescer em um ambiente saudável e seguro.
Fonte: Agência Brasil