O Sistema Único de Saúde (SUS) dará um passo importante na proteção da saúde infantil ao incluir em seu calendário de vacinação um novo imunizante contra o vírus sincicial respiratório (VSR). A vacina Abrysvo, desenvolvida pela Pfizer, foi aprovada nessa quinta-feira (13) pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e será oferecida a gestantes, garantindo proteção aos recém-nascidos nos primeiros meses de vida.
A responsabilidade pelo planejamento da aplicação e definição do cronograma de vacinação ficará a cargo do Programa Nacional de Imunizações (PNI), vinculado ao Ministério da Saúde.
Proteção contra bronquiolite e outras complicações respiratórias
O vírus sincicial respiratório é um dos principais causadores da bronquiolite, uma inflamação dos bronquíolos que pode comprometer seriamente a respiração. A doença é especialmente grave em bebês com menos de dois anos e em idosos, podendo levar às internações em unidades de terapia intensiva (UTI) e até ao óbito.
Segundo o mais recente boletim Infogripe, divulgado pela Fiocruz, foram registrados 370 casos confirmados de Síndrome Respiratória Aguda Grave causados pelo VSR no Brasil neste ano, com oito mortes. O pico de transmissão ocorre no inverno, quando o vírus se espalha mais facilmente e causa um aumento significativo nas hospitalizações de crianças pequenas.
Eficiência comprovada
Estudos conduzidos pela Pfizer com aproximadamente 7 mil gestantes demonstraram que a vacina Abrysvo tem uma eficácia de 82,4% na prevenção de casos graves de VSR em bebês de até três meses de idade e de 70% até os seis meses. O imunizante funciona ao estimular a produção de anticorpos na gestante, que são transferidos ao feto, garantindo proteção desde o nascimento.
A vacina foi aprovada para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023 e já está disponível na rede privada. De acordo com a fabricante, a indicação é que a aplicação ocorra entre a 24ª e a 36ª semana de gestação, com uma dose por gravidez.
Impacto na saúde infantil
Especialistas acreditam que a ampliação do acesso ao imunizante pelo SUS pode reduzir significativamente casos graves da doença e a pressão sobre o sistema de saúde. A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi, destaca os benefícios esperados:
“Essa vacina vai diminuir a necessidade de consultas em emergência, internações, internação em UTI, intubação e também o número de óbitos. Além disso, há impactos de longo prazo, pois a infecção pelo VSR pode deixar sequelas, como episódios recorrentes de broncoespasmo e aumento do risco de asma.”
Proteção para bebês prematuros
Além da vacina Abrysvo, a Conitec também aprovou a incorporação de um anticorpo monoclonal chamado nirsevimabe. Diferente das vacinas convencionais, que estimulam a produção natural de anticorpos, esse medicamento fornece diretamente as proteções necessárias contra o VSR. Ele será utilizado para proteger bebês prematuros, que possuem um sistema imunológico mais frágil e são mais vulneráveis às complicações da infecção.
Com a chegada dessas novas tecnologias, especialistas esperam avanços significativos na proteção de bebês contra doenças respiratórias, reduzindo hospitalizações e complicações de longo prazo. O Ministério da Saúde deverá divulgar em breve os detalhes da implantação no SUS.
Fonte: Agência Brasil