Segundo Samuel Schwaida, analista do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e voluntário do projeto Caminho dos Veadeiros, a inclusão da trilha na RedeTrilhas representa a concretização de um trabalho de oito anos, fundamentado principalmente no voluntariado, para tornar o percurso acessível a diferentes públicos.
“A rota de caminhada ainda está em fase de implementação, com alguns trechos liberados. No entanto, as duas rotas para cicloturismo já foram completamente sinalizadas, e os viajantes podem consultar os pontos de apoio e articulação nos municípios envolvidos”, explica Schwaida.
O reconhecimento oficial, publicado no Diário Oficial da União, destaca o Caminho dos Veadeiros como um corredor ecológico que interliga áreas de interesse cultural e natural do Brasil, promovendo a conservação ambiental e incentivando o turismo sustentável como fonte de geração de renda para as comunidades locais.
Conexão com a natureza e cultura local
A trilha percorre unidades de conservação de grande importância, como as Áreas de Proteção Ambiental (APAs) do Planalto Central e do Pouso Alegre, além de diversas Reservas Particulares do Patrimônio Natural e o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
O projeto para estruturar o Caminho dos Veadeiros teve início em 2017, simultaneamente à criação da RedeTrilhas, uma iniciativa conjunta do MMA, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Ministério do Turismo.
“A ideia era estabelecer grandes trilhas nacionais, e o Caminho dos Goyazes, que já existia como conceito, foi integrado à RedeTrilhas por meio de uma parceria com o governo estadual”, relembra Schwaida.
A partir dessa decisão, voluntários começaram a mapear o percurso com base em imagens de satélite e dados ambientais. O objetivo era conectar pontos turísticos estratégicos, como o Parque Municipal do Itiquira, em Formosa, e a Catarata dos Couros, atualmente parte do Parque Estadual Águas do Paraíso. O trajeto finalizado inicia-se em Formosa, a cerca de 80 km de Brasília, e segue por Planaltina, Água Fria de Goiás, São João d’Aliança, Alto Paraíso de Goiás, Colinas do Sul e Cavalcante. Todos os municípios fazem parte do bioma Cerrado, sendo os quatro últimos integrantes da Chapada dos Veadeiros.
Infraestrutura e conservação
A sinalização da trilha, feita por pegadas amarelas, começou a ser implementada em 2018, seguindo um padrão adotado no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros para trilhas de longo curso. O trajeto já pode ser percorrido por caminhantes e ciclistas.
O mapeamento da infraestrutura de apoio ao longo do percurso foi intensificado em 2022, por meio dos projetos Global Environment Facility (GEF) para Áreas Privadas e para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção, conhecidos como GEF Áreas Privadas e GEF Pró-Espécies. Esses programas têm o objetivo de reduzir ameaças a espécies em risco crítico de extinção e promover práticas sustentáveis de uso do território.
No ano seguinte, a Associação Caminho dos Veadeiros (ACV) foi criada para estruturar a gestão da trilha. A organização é responsável pelo diálogo com órgãos públicos e comunidades locais, além de coordenar a divulgação de informações sobre o percurso e supervisionar a manutenção da trilha.
Recomendações para os viajantes
Os detalhes do percurso, incluindo mapas, trechos de caminhada e pontos de apoio, estão disponíveis nas redes sociais da ACV. A entidade também fornece recomendações sobre a quilometragem ideal por dia, atrações ao longo da trilha e orientações para alimentação e hospedagem.
“Temos um compromisso com o turismo sustentável, incentivando boas práticas entre os viajantes. Recomendamos atenção ao impacto ambiental e respeito às propriedades privadas, para que o Caminho dos Veadeiros seja um modelo de conservação e geração de renda para as comunidades locais”, conclui Schwaida.
Fonte: Agência Brasil