O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, lançou o Manual de Orientação para Agentes Indígenas de Saneamento da Região Amazônica. A iniciativa tem como objetivo fortalecer as ações voltadas à água, saneamento e higiene nas aldeias da Amazônia, capacitando os agentes indígenas com informações técnicas acessíveis.
Com uma linguagem didática e ilustrações instrutivas, a cartilha busca tornar o conhecimento acessível para as comunidades, facilitando a implementação de práticas que promovam a melhoria da qualidade de vida dos povos indígenas. O material destaca a importância da capacitação dos agentes indígenas de saneamento, essenciais para a promoção da saúde dentro das aldeias.
Momento crucial para a saúde indígena
Segundo o Unicef, a elaboração do manual ocorre em um momento crítico para a saúde indígena, especialmente após o governo federal declarar, em janeiro de 2023, Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional no território Yanomami. O agravamento da situação sanitária e de abastecimento de água na região reforçou a necessidade de um material educativo que pudesse orientar os agentes indígenas na adoção de boas práticas de saneamento.
A publicação foi desenvolvida pelo Programa de Água, Saneamento e Higiene do Unicef em colaboração com o Departamento de Projetos e Determinantes Ambientais da Saúde Indígena, contando também com apoio estratégico do Ministério Público do Trabalho (MPT). O manual foi dividido em dois volumes, cada um abordando aspectos essenciais para a melhoria das condições sanitárias nas aldeias.
Conteúdo do manual
O Volume I do manual apresenta boas práticas para o tratamento da água e medidas de higiene básica dentro das aldeias. Entre os temas abordados estão os processos de filtragem da água, o uso adequado do hipoclorito de sódio 2,5% para desinfecção, além da importância da lavagem correta das mãos para prevenir doenças de veiculação hídrica.
Já o Volume II foca no funcionamento de tecnologias de saneamento que podem ser aplicadas dentro das comunidades, como filtros, cloradores e captação de água da chuva. O documento também detalha o processo de limpeza e manutenção de caixas d’ água, garantindo que os agentes tenham conhecimento prático sobre como manter a qualidade da água consumida pelos povos indígenas.
Impacto e aplicação
O Unicef destaca que o manual poderá contribuir diretamente para a redução de doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado nas aldeias da Amazônia. Ainda que tenha sido desenvolvido a partir da realidade da região, o conteúdo pode ser adaptado para outras comunidades indígenas em diferentes partes do país.
A iniciativa reforça a importância do investimento em infraestrutura básica, acesso à água potável e saneamento adequado como elementos fundamentais para garantir a qualidade de vida e a dignidade dos povos indígenas. O material também está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que preconizam a universalização do acesso à água e ao saneamento básico como um direito humano fundamental.
Fonte: Agência Brasil